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PAPA FRANCISCO

MEDITAÇÕES MATUTINAS NA SANTA MISSA CELEBRADA
NA CAPELA DA DOMUS SANCTAE MARTHAE

Verdadeira identidade

Sexta-feira, 26 de Setembro de 2014

 

Publicado no L'Osservatore Romano, ed. em português, n. 40 de 2 de Outubro de 2014

O bilhete de identidade dos cristãos deve coincidir totalmente com o de Jesus. E o que temos em comum e que nos salva é a cruz. Porque «se cada um de nós não estiver disposto a morrer com Jesus, para ressuscitar com ele, ainda não tem uma verdadeira identidade cristã». Este é o perfil essencial de cada crente traçado pelo Papa Francisco.

A reflexão do Pontífice brotou da pergunta directa feita por Jesus aos seus discípulos — «E vós, quem dizeis que Eu sou?» — como se lê em Lucas no trecho evangélico (9, 18-22) proposto pela liturgia. Jesus, afirmou Francisco, «guardava de modo especial a sua verdadeira identidade». Quando alguém se aproximava da sua verdadeira identidade, ele detinha-o. E é importante compreender o motivo desta atitude.

O bispo de Roma recordou que já «desde o início, nas tentações no deserto, o diabo procurava fazer com que Jesus confessasse a sua verdadeira identidade». O diabo — comentou a propósito — é inteligente, sabe mais teologia do que todos os teólogos juntos. E portanto pretendia que Jesus confessasse: «Eu sou o Messias! Eu vim salvar-vos!». Esta confissão, explicou, teria suscitado uma «grande confusão no povo», que teria pensado: «Este vem salvar-nos». Ao contrário, precisamente para que «o povo não errasse, Jesus guardava aquele aspecto sobre a sua identidade». E o Evangelho de Lucas narra de que modo o Senhor «põe à prova os seus discípulos». Fá-lo depois de ter regressado de um lugar solitário onde se tinha retirado em oração. Apresenta-se a eles e pergunta: «Quem dizem as multidões que Eu sou?».

Uma resposta que em certos aspectos recorda o que «ouvimos ontem no trecho do Evangelho». Por conseguinte, a mesma coisa respondem os discípulos. E eis que o Senhor apresenta a questão directamente a eles: «Mas vós, quem dizeis que Eu sou?». Pedro responde em nome de todos: «O Cristo de Deus. Esta é a tua identidade!». Mas também nesta ocasião Jesus «lhes ordenou severamente que não o revelassem a ninguém». «A primeira confissão da sua identidade», afirmou o Pontífice, «foi feita no fim, depois da morte».

Francisco observou que «a pedagogia de Jesus, também connosco, é assim: passo a passo nos prepara para o compreender bem». Na prática «prepara-nos para ser cireneus para o ajudar a carregar a cruz». A ponto que «a nossa vida cristã sem isto não é cristã». A realidade é outra: Jesus salvou todos nós fazendo-nos percorrer «o mesmo caminho» escolhido por ele. Assim «também a nossa identidade de cristãos deve ser guardada». E não se deve cair na tentação de «pensar que ser cristãos é um mérito, é um caminho espiritual de perfeição: não é um mérito, é mera graça». É também «um caminho de perfeição», mas «sozinho não é suficiente». Porque, concluiu o Pontífice, «ser cristão é o segmento de Jesus na sua própria identidade, naquele mistério da morte e da ressurreição».

 


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