Index   Back Top Print

[ PT ]

PAPA FRANCISCO

MEDITAÇÕES MATUTINAS NA SANTA MISSA CELEBRADA
NA CAPELA DA DOMUS SANCTAE MARTHAE

Um amigo ao qual orar
 
Quinta-feira, 3 de Abril

 

Publicado no L'Osservatore Romano, ed. em português, n. 15 de 10 de Abril de 2014

Rezar é como falar com um amigo: por isso «a oração deve ser livre, corajosa, insistente», até chegar a «repreender» o Senhor. Com a consciência de que o Espírito Santo está sempre presente e ensina como o fazer. Este breve «manual» de oração foi sugerido ao Pontífice pela leitura do trecho do livro do Êxodo (32, 7-14) que narra «a oração de Moisés pelo povo que tinha caído no pecado gravíssimo da idolatria». O Senhor — explicou o Papa — «repreende Moisés» e diz-lhe: «Vai, desce, porque o teu povo, que fizeste sair da terra do Egipto, se perverteu».

Eis então que Moisés começa a sua oração, «uma verdadeira luta com Deus». É «a luta do chefe do povo para salvar o seu povo, que é o povo de Deus». Moisés «fala livremente diante do Senhor». E fazendo assim «ensina-nos a rezar: sem medo, livremente, até com insistência». Moisés «insiste, é corajoso: a oração deve ser assim!».

De facto, pronunciar palavras e nada mais não significa rezar. Devemos saber também «negociar» com Deus. Precisamente «como faz Moisés, recordando a Deus, com argumentações, a relação que tem com o seu povo». Portanto, «procura “convencer” a Deus» que se derramasse a sua ira contra o povo faria «uma triste figura diante de todos os egípcios». Com efeito, no livro do Êxodo lêem-se estas palavras de Moisés a Deus: «Por que deveriam dizer os egípcios: “com malícia fê-los sair, para os fazer morrer no meio das montanhas e desaparecer da terra”? Desiste do ardor da tua ira e abandona o propósito de fazer mal ao teu povo».

Certamente, explicou, «o Senhor estava um pouco cansado por causa deste povo infiel». Mas «quando lemos, na última palavra do trecho, que o Senhor se arrepende» e «muda a atitude» devemos perguntar: Quem mudou deveras? O Senhor? «Eu acredito que não», respondeu o bispo de Roma: mudou Moisés. Porque ele — afirmou o Pontífice — acreditava que o Senhor teria destruído o povo. E «procura recordar-se como o Senhor foi bom com o seu povo, como o tinha libertado da escravidão do Egipto para o levar em frente com uma promessa».

O Pontífice concluiu exortando a recordar sempre que «quando rezamos a Deus, não é um diálogo a dois» mas a três, «porque sempre em cada oração está presente o Espírito Santo»; é ele quem ora em nós, é ele quem nos muda o coração, é ele quem nos ensina a dizer “pai” a Deus».

É ao Espírito Santo, acrescentou o Papa, que devemos pedir para nos ensinar a rezar «como rezava Moisés, a “negociar” com Deus com liberdade de espírito, com coragem». E «o Espírito Santo, que está sempre presente na nossa oração, nos guie pelo caminho».

 



Copyright © Dicastero per la Comunicazione - Libreria Editrice Vaticana