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PAPA FRANCISCO

MEDITAÇÕES MATUTINAS NA SANTA MISSA CELEBRADA
NA CAPELA DA DOMUS SANCTAE MARTHAE

Onde é proibido rezar

Sexta-feira, 4 de Abril

 

Publicado no L'Osservatore Romano, ed. em português, n. 15 de 10 de Abril de 2014

Hoje os cristãos mártires e perseguidos são mais numerosos do que nos primórdios da Igreja e em certos países é até proibido rezar em comunidade. O trecho do livro da Sabedoria (2, 1.12-22) proclamado na liturgia revela «como é o coração dos ímpios, de quantos se afastaram de Deus e se apoderaram da religião», e como é a sua «atitude em relação aos profetas», até à perseguição. São pessoas conscientes de estar diante de um justo, como diz a Escritura: «Cerquemos o justo, porque ele nos incomoda; é contrário às nossas obras».

Cercar, explicou o Papa, significa «difundir falatórios e calúnias». Assim, «preparam-se para destruir o justo». Não podem aceitar que haja um justo «contrário às nossas obras; ele censura-nos por violar a lei e acusa-nos de contrariar a nossa educação». Palavras que delineiam o perfil dos profetas perseguidos «em toda a história da salvação». Foi Jesus quem «o disse aos fariseus», como narra «o célebre capítulo 23 de são Mateus, cuja leitura nos fará bem». Ele é explícito: «Os vossos pais mataram os profetas mas vós, para eliminar a sua culpa, mandais construir um bonito sepulcro para os profetas!».

Estamos diante de «uma hipocrisia histórica». Na Igreja há «perseguidos fora e dentro». Os santos «foram perseguidos»: quando lemos as suas vidas, vemos tantas «incompreensões e perseguições», pois dado que eram profetas diziam coisas «muito duras». E «tantos pensadores na Igreja foram perseguidos»: «Neste momento penso num deles, não muito distante de nós: um homem de boa vontade, um profeta autêntico que, com os seus livros, admoestava a Igreja a não se afastar do caminho do Senhor. Foi imediatamente chamado; os seus livros foram proibidos e tiraram-lhe a cátedra, e foi assim que este homem acabou a sua vida, há pouco tempo. Hoje ele é beato». Mas como, ontem era herege e hoje é beato?». Sim, «ontem quantos tinham o poder queriam silenciá-lo, porque não gostavam do que ele dizia. Hoje a Igreja, que graças a Deus sabe arrepender-se, diz: não, este homem é bom!». Os cristãos são perseguidos «porque a esta sociedade mundana e tranquila que não quer problemas dizem a verdade e anunciam Jesus Cristo». Hoje nalguns países existe «até a pena de morte, a prisão por conservar o Evangelho em casa, por ensinar o catecismo!». «Um católico dessas regiões disse-me que é proibido rezar juntos! Só é possível rezar sozinho e escondido». Para celebrar a Eucaristia organizam «uma festa de aniversário!» para eludir a polícia!». O Papa concluiu pedindo ao Senhor «a graça de ir pelo seu caminho, até com a cruz da perseguição».

 



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