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PAPA FRANCISCO

MEDITAÇÕES MATUTINAS NA SANTA MISSA CELEBRADA
NA CAPELA DA DOMUS SANCTAE MARTHAE

O primeiro amor nunca se esquece

Sexta-feira 6 de Junho de 2014

 

Publicado no L'Osservatore Romano, ed. em português, n. 24 de 12 de junho de 2014

Nunca se esquece o primeiro amor. E isto é válido também para os bispos e os sacerdotes, que devem recordar sempre a beleza do seu primeiro encontro com Jesus. E devem ser também pastores que seguem passo a passo o Senhor, sem se preocupar como acabará a sua vida. São os pontos essenciais do ministério episcopal e sacerdotal indicados pelo Papa Francisco nesta celebração. O Pontífice inspirou-se no diálogo entre Jesus e Pedro descrito na conclusão do Evangelho de João (21, 15-19). É um dos muitos diálogos «lindos» de Jesus, ao lado daquele com «o cego, com a samaritana, com o doente na piscina». O colóquio com Pedro é «tranquilo», realiza-se «depois da ressurreição» e também «depois de um bom almoço». E precisamente neste trecho do Evangelho, o Papa confidenciou que encontra também «o estilo de diálogo que nós, sacerdotes, isto é padres e bispos, devemos manter com o Senhor».

João narra que «por três vezes o Senhor pergunta a Pedro se o ama». Isto significa, explicou o bispo de Roma, que «o Senhor quer mais o amor de um bispo, de um sacerdote que dos outros». O Senhor queria levá-lo de novo «àquela primeira tarde, quando se encontrou com o seu irmão André», o qual depois se encontrou com Pedro e lhe disse: «Vimos o Messias!». Numa palavra Jesus queria fazer com que Pedro voltasse para «o primeiro amor». Assim, quando o Senhor pergunta a nós, sacerdotes, se o amamos, deseja reconduzir-nos ao primeiro amor».

Trata-se portanto de voltar «àquele primeiro amor que todos nós tivemos». E é precisamente «para renovar este amor de hoje, que o Senhor quer que nós recordemos do primeiro amor».

Outro ponto que emerge da narração de João é o «envio: apascentai, sede pastores!». Alguém poderia objectar, frisou o Papa: «Mas Senhor, devo estudar porque gostaria de me tornar um intelectual da filosofia, da teologia, da patrologia...». A estes pensamentos devemos responder: «Sede pastores, depois vem o resto! Apascentai! Com a teologia, com a filosofia e a patrologia, com os estudos, mas apascentai! Sede pastores!».

De resto, disse o Pontífice, o Senhor chamou-nos para isto». Uma pergunta útil para um exame de consciência para bispos e sacerdotes é: «Sou pastor ou um funcionário desta ONG que se chama “Igreja”?».

Um terceiro ponto coincide com outra pergunta, exactamente a que Pedro formula a Jesus em relação ao apóstolo João: mas ele que fim terá? Quase para dizer: «Como acabará este primeiro amor? Como terminará este amor de pastor? Acabará com a glória, com a majestade?». A resposta, contudo, é: «Não, irmão, acabará do modo mais comum, inclusive mais humilhante».

Um último ponto é constituído por «uma palavra mais forte: segue-me!». Este «segue-me!» deve ser a nossa certeza, nos passos de Jesus, no seu caminho.

O Papa Francisco concluiu com uma oração «pelos bispos e sacerdotes: o Senhor conceda a todos nós a graça de encontrar sempre, ou recordar sempre, o primeiro amor; de ser pastores, de não sentir vergonha de acabar humilhados numa cama», ou de perder a razão. Uma oração ao Senhor «a fim de que nos dê sempre a graça de seguir Jesus, os seus passos».

 



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