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PAPA FRANCISCO

MEDITAÇÕES MATUTINAS NA SANTA MISSA CELEBRADA
NA CAPELA DA CASA SANTA MARTA

Deus ama cada um como um pai
e como uma mãe

Quinta-feira, 22 de março de 2018

 

Publicado no L'Osservatore Romano, ed. em português, n. 13 de 29 de março de 2018

Deus ama cada um de nós «como um pai e como uma mãe»: para recordar isto, o Papa Francisco sugeriu a imagem daquela flor delicada, chamada precisamente «não-me-esqueças» que na Argentina se oferece às mães no dia da sua festa: «azul clara, se a mãe está viva; e roxa se a mãe já faleceu». Pois exatamente «como uma mãe», Deus, «fiel na esperança», nunca se esquece dos seus filhos, afirmou o Pontífice.

«Já próximos da semana santa — observou o Papa — a Igreja leva-nos a meditar sobre o Senhor que não se esquece, sobre o nosso Deus fiel». E com efeito, «repetimos no salmo (104): “O Senhor recorda-se sempre da sua aliança”». O Senhor, insistiu o Pontífice, «nunca se esquece, porque é fiel, não pode deixar de ser fiel: Ele é a fidelidade».

«A primeira leitura — explicou Francisco, referindo-se ao livro do Génesis (17, 3-9) — narra a mudança de nome de Abraão, quando o Senhor lhe diz: “Eis a aliança que faço contigo”». Portanto, Deus não fará uma aliança «com aqueles, não: contigo». Eis, então, que «o Senhor faz uma aliança com Abraão, uma aliança que se alargará, se prolongará; na história, tornar-se-á um povo: um povo que cometeu muitas faltas».

De resto, «conhecemos os pecados do povo», afirmou o Papa: «Muitas vezes, no deserto, após a libertação do Egito, a idolatria, as faltas cometidas pelo povo». Contudo, «o Senhor é fiel». E «esta é a imagem que a Igreja quer de nós no início da semana santa: iremos a caminho com o Senhor fiel, que nos escolheu, que me escolheu e não se esquece de mim, porque tem um amor visceral, que não deixa esquecer-se dele». Precisamente «esta é a fidelidade de Deus».

«Na minha terra — confidenciou Francisco — existe uma flor muito pequenina, que se oferece às mães no dia» da sua festa «e tem duas cores: uma azul-clara para as mães vivas, e uma roxa para as mães defuntas». Sim, esta flor «tem duas cores e chama-se “no me olvides” – não-me-esqueças, não te esqueças de mim».

Precisamente «este é o amor de Deus, como o da mãe: Deus não se esquece de nós, nunca, não pode, é fiel à sua aliança». Sem dúvida, acrescentou, «isto dá-me segurança» a ponto que «de nós podemos dizer: “A minha vida é tão árdua, enfrento esta dificuldade, sou um pecador, uma pecadora”». Mas «Ele não se esquece de ti, porque tem um amor visceral, é pai e mãe: eis a questão». E é «com este amor que entramos na semana santa».

«Depois, esta fidelidade de Deus leva-nos à alegria», explicou o Pontífice, repropondo o conteúdo do trecho evangélico de João (8, 51-59), sugerido hoje pela liturgia: foi exatamente «o que Jesus respondeu aos judeus: “Abraão viu o meu dia, exultou na esperança”». Portanto, «a nossa alegria é exultar na esperança». Talvez «por eu ser bom? Não, porque Ele é fiel».

«Exultar na esperança», insistiu o Papa, porque «cada um de nós sabe que não é fiel, nenhum de nós é fiel, mas Ele sim». Eis «a nossa esperança e alegria: a sua fidelidade que nos leva pela mão e não nos deixa, não te deixa». A tal propósito, Francisco sugeriu que pensemos «no bom ladrão: o Deus fiel não pode renegar-se a si mesmo, não nos pode renegar, não pode renegar o seu amor, o seu povo, não pode renegar porque nos ama». E «esta é a fidelidade de Deus».

Prosseguindo a sua meditação, o Papa explicou também a atitude correta que devemos ter «quando nos aproximamos do sacramento da penitência: por favor, não pensemos que vamos à lavandaria para eliminar a sujidade, não». Pelo contrário, «vamos receber o abraço de amor do Deus fiel, que nos espera sempre!». E «isto leva-nos à alegria, a exultar na esperança». Exatamente «com este sentimento devemos começar a semana santa: o sentimento de um Deus que não se esquece de nós, que é fiel na esperança».

«Há uma última coisa», afirmou ainda o Papa: «O Evangelho de hoje termina com um versículo interessante, diz que os doutores da lei “pegaram em pedras para as atirar contra Ele; mas Jesus escondeu-se e saiu do templo”». Portanto, pedras «para lapidar os pecadores». Ao contrário, «a fidelidade a Deus nunca lapida o pecador».

«Pedras para ofuscar a verdade da Ressurreição, diante do sepulcro, ali encerrada; pedras para matar», insistiu Francisco. «Mas se não reconhecermos a fidelidade de Deus, o próprio Senhor diz-nos: “Gritarão estas pedras, serão mais fortes do que nós”».

«Não quero acrescentar mais nada: isto é tão claro», concluiu o Papa, exortando: «Comecemos a semana assim, Ele é fiel, Ele conhece-me, ama-me, nunca me deixará só, leva-me pela mão: que posso desejar, o que mais, o que devo fazer? Exulta na esperança, exulta na esperança, porque o Senhor te ama como pai e como mãe».

 



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