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VIAGEM APOSTÓLICA DO SANTO PADRE À ÁFRICA
(2-12 DE MAIO DE 1980)

HOMILIA DO PAPA JOÃO PAULO II
DURANTE A SOLENE LITURGIA EUCARÍSTICA
 DEDICADA AOS CATEQUISTAS

Estádio de Kumasi, Gana
Sexta-feira, 9 de Maio de 1980

 

Caros irmãos e irmãs

1. Hoje é dia de grande alegria e há muito tempo que eu o estava esperando. Desejei vir e dizer aos catequistas quanto os estimo, quanto a Igreja precisa deles. Hoje é ainda dia de profundo significado porque Jesus — o Filho de Deus, o Senhor da história e o Salvador do mundo —  está presente no meio de nós. Através do Seu Santo Evangelho fala-nos com aquelas palavras que uma vez dirigiu aos discípulos: "Foi-Me dado todo o poder no céu e na terra: Ide, pois, ensinai todas as nações, baptizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-as a cumprir tudo quanto vos tenho mandado. E Eu estarei sempre convosco..." (Mt 28, 18-20).

2. Este mandamento e esta promessa de Jesus inspiraram a evangelização do Gana e de toda a África, orientando a vida de todos quantos colaboraram na causa do Evangelho. De modo particular, foram estas palavras impressas no coração dos numerosos catequistas do século passado. E hoje pretendo manifestar a profunda estima da Igreja por estes dedicados trabalhadores ao serviço do Evangelho. Exprimo a gratidão de toda a Igreja católica aos catequistas que estão aqui presentes hoje, aos seus predecessores na fé e aos seus colegas catequistas no continente africano: gratidão pelo auxílio por eles oferecido em recrutar discípulos de Cristo; pelo auxílio dado ao povo em crer que Jesus Cristo é Filho de Deus; e pela ajuda em instruir os seus irmãos e irmãs na sua vida e assim edificar o Seu Corpo, a Igreja. Esta actividade catequística foi exercida com a palavra e o exemplo, e a dedicação de inúmeros catequistas e o seu profundo apego à pessoa de Jesus Cristo constituem um capítulo de glória nos fastos desta terra e deste continente.

3. A Igreja reconhece nestes catequistas pessoas chamadas a exercitar um particular encargo eclesial, uma especial participação na responsabilidade de fazer avançar o Evangelho. Vê neles as testemunhas da fé, servos de Jesus Cristo e da Sua Igreja, colaboradores eficazes na missão de estabelecer, desenvolver e incrementar a vida da comunidade cristã. Na história da evangelização muitos destes catequistas foram, de facto, mestres de religião, guias das suas comunidades, zelosos missionários leigos e modelos de fé. Ajudaram fielmente os missionários e o clero local, apoiando-lhes o ministério com o exercício da sua missão característica.

Os catequistas prestaram muitos serviços relacionados com a difusão do conhecimento de Cristo, com a fundação da Igreja, com o enxerto cada vez mais profundo do poder transformador do Evangelho na vida dos seus irmãos e irmãs. Ajudaram o povo em muitas exigências suas humanas, contribuindo para o desenvolvimento e o progresso.

4. Em tudo isto, fizeram eles explicitamente conhecer o nome e a pessoa de Jesus Cristo, a sua doutrina, a sua vida, as suas promessas e o seu Reino. As comunidades que eles ajudaram a constituir eram baseadas nos mesmos elementos que se encontram na Igreja primitiva: no ensino e na fraternidade dos Apóstolos, na Eucaristia e na oração (cfr. Act 2, 42). Assim era favorecido o domínio de Cristo numa comunidade a seguir à outra, de uma geração para a seguinte. Mediante o seu trabalho generoso, a ordem de Cristo é continuamente executada e verifica-se a Sua promessa.

5. A Igreja está não somente grata por tudo quanto foi realizado pelos catequistas no passado, mas está esperançada no futuro. Apesar das novas circunstâncias, das novas exigências e dos novos obstáculos, a importância deste grande apostolado não fica diminuída, porque sempre será necessário desenvolver uma fé inicial e guiar o povo para a plenitude da vida cristã. Uma crescente consciência da dignidade e importância da missão do catequista é consequência da insistência do Concílio Vaticano II em estar a Igreja inteira inserida na responsabilidade do Evangelho. Só com a colaboração dos seus catequistas poderá a Igreja corresponder adequadamente à exigência por mim descrita na minha exortação apostólica sobre a Catequese no nosso tempo: "A Igreja, neste século XX prestes a terminar, é convidada por Deus e pelos acontecimentos — que são outros tantos apelos da parte de Deus — a renovar a sua confiança na actividade catequética, como tarefa verdadeiramente primordial da sua missão; é convidada a consagrar à catequese os seus melhores recursos de pessoal e energias, sem poupar esforços, trabalhos e meios materiais, a fim de a organizar melhor e de formar, para a mesma, pessoas qualificadas. Nisto não há que ater-se a um cálculo simplesmente humano, mas tem de existir uma atitude de fé" (Catechesi tradendae, 15).

6. A Sagrada Congregação para a evangelização dos povos, numerosos Bispos e Conferências Episcopais muito valorizaram a importância da formação de catequistas, e são nisto dignos do maior elogio. O destino da Igreja na África está indubitavelmente ligado ao êxito desta iniciativa. Desejo, por isto, animar o mais possível este maravilhoso trabalho. O futuro da actividade catequística dependerá de profundos programas de preparação, que abracem uma instrução cada vez maior para os catequistas e dêem prioridade à formação espiritual e doutrinal deles, tornando-os capazes de experimentar nalguma medida o autêntico sentido da comunidade cristã que são chamados a edificar.

Os auxílios da catequese merecem também a devida atenção, incluindo neles um eficaz material catequístico que tenha presente a necessidade de encarnar o Evangelho em determinadas culturas locais. Por isso, deve a Igreja inteira sentir-se interessada a enfrentar as dificuldades e os problemas inerentes à execução dos programas catequísticos. De modo especial, a comunidade eclesial inteira deve manifestar a própria estima pela importante vocação do catequista, que deve sentir-se apoiado pelos próprios irmãos e irmãs.

7. Sobretudo, para assegurar o êxito de qualquer actividade catequística, é necessário que se mantenha cristalinamente clara a finalidade mesma da catequese: a catequese é trabalho de fé que ultrapassa qualquer técnica; é esforço da Igreja de Cristo. O seu objecto primário e essencial é o mistério de Cristo; a sua finalidade definitiva é colocar as pessoas em comunhão com Cristo (cfr. Catechesi tradendae, 5). Através da catequese continua a actividade de Jesus Mestre: solicita dos Seus irmãos a adesão à Sua pessoa, e mediante a Sua Palavra e os sacramentos guia-os para o Pai e para a plenitude de vida na Santíssima Trindade.

8. Reunidos aqui hoje para celebrar o Sacrifício Eucarístico, exprimamos a nossa confiança no poder do Espírito Santo para que Ele continue a fazer surgir e a manter, para a glória do Reino de Deus, novas gerações de catequistas, fiéis transmissores da Boa Nova de salvação e testemunhas de Cristo e Cristo crucificado.

9. Hoje a Igreja oferece aos catequistas o sinal do amor de Cristo, o grande símbolo da Redenção: a Cruz do Salvador. Para os catequistas de todos os tempos, a Cruz constitui a credencial de autenticidade e a medida do êxito. A mensagem da Cruz é, em toda a verdade, "o poder de Deus" (1 Cor 1, 18).

Caros catequistas, caros irmãos e irmãs: ao desempenhardes a vossa missão, ao comunicardes Cristo, recordai-vos das palavras de um pioneiro da catequese do século IV, São Cirilo de Jerusalém: "A Igreja católica orgulha-se de todas as acções de Cristo, mas a sua glória maior está na Cruz" (Catequese, 13).

Com esta Cruz, com o crucifixo que vós hoje recebeis como sinal da vossa missão na Igreja, ide para a frente confiadamente e cheios de alegria. E recordai-vos também que Maria está sempre perto de Jesus, ao lado d'Ele; está sempre perto da Cruz. Ela vos guiará incólumes à vitória da ressurreição e ajudar-vos-á a comunicar aos outros o mistério pascal do seu Filho.

Dilectos catequistas do Gana e de toda a África: Cristo chama-vos ao Seu serviço; a Igreja envia-vos. O Papa abençoa-vos e recomenda-vos à Rainha do céu. Amém.

 



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