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MENSAGEM DO PAPA JOÃO PAULO II
 AO CONGRESSO MISSIONÁRIO DA IRLANDA

 

Louvado seja Jesus Cristo

A todos vós, reunidos em Knock para celebrar o Congresso Missionário Nacional, graça e paz vos sejam dadas da parte de Deus, nosso Pai, e da do Senhor Jesus Cristo (1 Cor 1, 3).

Sei que vos reunistes não só para reflectir sobre o grande tema das missões, mas fostes também como peregrinos rezar ao Santuário Nacional de Nossa Senhora. O vosso propósito é grandioso: por meio da graça do Espírito Santo renovar o fervor e a obrigação da Irlanda.

Para conseguir — para atingir este objectivo — estais procurando agitar, dentre de vós mesmos e dentro de toda a Igreja da Irlanda, uma consciência renovada da vocação missionária de todo o Povo de Deus. O Concílio Vaticano II chama verdadeiramente cada um de nós a esta consciência.

Com este propósito, devem as famílias tomar consciência da responsabilidade e da grande dignidade que têm, e devem orar e trabalhar pela causa das missões. E as crianças, os doentes e todas as categorias da comunidade eclesial têm de reconhecer e apreciar o contributo que só elas podem oferecer ao Reino de Deus.

Renovar eficazmente o fervor e a obrigação missionária significa que os jovens devem ouvir, entre as muitas vozes discordantes da sociedade moderna, o forte mas suave chamamento de Cristo. Devem animar-se a aceitar o seu admirável convite: para O seguirem, com generosidade e amor, com sacrifício e alegria  para desde já abandonarem todas as coisas e partirem a espalhar o Evangelho de salvação.

Renovar os ideais missionários significa, além disso, estar convencido que a natureza do que é a evangelização coisa extremamente clara, conforme disse Paulo VI: "Não há verdadeira evangelização, se o nome, o ensinamento, a vida, as promessas, o reino e o mistério de Jesus Nazareno, Filho de Deus, não são proclamados" (Evangelii Nuntiandi, 22). Sim, evangelizar significa levar a Boa Nova a todas as camadas da sociedade; significa transformar a humanidade a partir de dentro e renová-la. Evangelizar, e portanto toda a actividade missionária, tem como consequência a clara proclamação de que o dom da graça de Deus e do perdão se encontra no Seu amado Filho, de que a salvação está em Jesus Cristo.

O missionário começa a difundir uma mensagem de esperança e de amor fraterno, e sabe desde o princípio, no seu coração, que não pode proclamar o novo mandamento de Cristo sem promover ao mesmo tempo, com justiça e em paz, o verdadeiro e autêntico progresso do homem.

Pela actividade missionária é implantada a Igreja local, e é construída pela palavra e pelos sacramentos.

Hoje, num mundo transformado, actividade missionária significa muitas vezes serviço — humilde, generoso e fraterno a uma Igreja local, de maneira que, por sua vez, essa Igreja local se deve tornar missionária e assim cumprira sua própria vocação. Em condições mudadas no mundo e na Igreja, o trabalho missionário reveste novos aspectos e requer nova adaptação; pede nova sensibilidade para com as indigências das comunidades cristãs. A mensagem é sempre, porém, a mesma: Jesus Cristo e Este crucificado (1 Cor 2, 2).

O bom êxito de todas as iniciativas missionárias depende da conservação efectiva e do ensino da fé católica tal como foi transmitida pelos apóstolos  fé em Jesus Cristo, Filho de Deus e Redentor dos "homens. A eficácia missionária requer a transmissão desta fé intacta.

Durante o Ano Santo, Paulo VI, que tanto amou a Irlanda, recordou aos peregrinos irlandeses a pregação e a obrigação aludida por São Columbano a São Gregário Magno em Roma. E hoje, eu repito essas palavras como incitamento para o vosso Congresso: "Todos vós, Irlandeses... sois discípulos dos Santos Pedro e Paulo...; a fé católica mantém-se intacta" (Paulo VI, Discurso aos peregrinos irlandeses, 27 de Agosto de 1975).

Como Sucessor de Pedro e Vigário de Cristo, apelo hoje para a nova generosidade missionária, a fim de que dê testemunho pela palavra e pelo exemplo até às extremidades da terra — dessa fé católica intacta. Peço que uma geração nova de Sacerdotes  e Religiosos torne os lugares deles — no espírito dos santos missionários do passado ao lado dos seus irmãos e irmãs nas Igrejas locais. Caros jovens: aceitareis este convite? Direis sim a este chamamento? Dareis as vossas vidas pelo amor de Cristo e dos Seus irmãos?

E peço aos leigos irlandeses, tanto na pátria como no estrangeiro, que transmitam especialmente às suas famílias, com são orgulho e mesmo com sacrifício, com palavras e acções, o tesouro da própria fé. Milhões de famílias irlandesas deram pelo mundo inteiro glorioso e contagioso testemunho de Cristo e da Sua Igreja; coisa que não deve acabar. E eu peço que cada pessoa — cada sector do povo de Deus seja movida pela absoluta necessidade de partilhar a fé com os outros. A natureza intima da .Igreja o requer. Estão em jogo a vontade de Deus e a glória da Trindade Santíssima. A Igreja é, e deve continuar a ser, missionária, até Cristo voltar na glória.

Esta é portanto, disso estou convencido, hora de esperança para a Irlanda e para o mundo. É tempo para se renovar a fidelidade, refrescar a generosidade e acender o amor. É uma vez mais a hora das missões, a hora da evangelização, a hora de partir e proclamar a insondável riqueza de Cristo (Ef 3, 8.). E confiemos que Deus ouvirá a nossa prece a fim de que esta geração de discípulos e missionários produza muito fruto fruto que permaneça (Cfr. Jo 15, 16).

São estas hoje as minhas esperanças e os meus desejos, que recomendo a Maria, Mãe de Deus e Mãe da Igreja. Na Sua amorosa qualidade de Rainha das Missões, Ela sempre acompanhou de perto inúmeros missionários irlandeses através dos tempos, mantendo-os alegres por meio da Sua intercessão e dando-lhes, no meio dos próprios sacrifícios, a plenitude do Seu amor materno. Ela vigiará também por esta geração e protegê-la-á, quando esta se aproximar dos campos do apostolado já brancos para a messe (Jo 4, 35).

A todos vós, filhos e filhas da Irlanda, irmãos e irmãs na fé, concedo a minha especial Bênção Apostólica: em nome do  Pai e do Filho e do Espírito Santo. Ámen.



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