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DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II
 DURANTE O ENCONTRO COM
OS JOVENS NA BASÍLICA VATICANA

Quarta-feira, 3 de Janeiro de 1979

 

Caríssimos

É pela primeira vez que nos encontramos neste ano de 1979. Antes de mais, desejo a todos Feliz Ano Novo. A todos e cada um de vós, não só aos grupos, mas também às pessoas: rapazes, meninas, e criancinhas, mesmo às que se encontram nos braços das mães.

Saúdo os jovens, tão corajosos. Quando eles cantaram, reconheci logo um canto muito conhecido também na minha língua. Depois, saúdo os Sacerdotes, as Religiosas, especialmente as professoras e educadoras.

Saúdo os meus caríssimos Irmãos Bispos, e desde já os convido a darem comigo a Bênção, depois do discurso.

Alguns dizem que está frio; mas eu garanto-vos que na Polónia o frio é muito maior e há muito mais neve.

Estamos ainda no período do Natal e há ainda alguns pastores que desejam levar prendas ao Menino Jesus. Podem vir já aqui. O Menino encontrar-se-á.

Caríssimos

Como nas semanas passadas, estão presentes neste encontro com o Papa muitíssimos jovens pertencentes a Associações católicas ou a grupos que ajudam os próprios Párocos. Vejo também bom número de Religiosas vindas a Roma para tornar parte na Reunião da Federação Italiana das Religiosas Educadoras, e estão ainda numerosas peregrinações, entre as quais merece especial menção a que veio da diocese de Molfetta, presidida pelo seu Bispo. A todos dirijo as minhas cordiais boas-vindas, a minha afectuosa saudação e o meu sincero agradecimento pela visita que me fazem.

A suave estação litúrgica, iniciada com a Noite Santa, dá-nos a possibilidade de reflectir sobre alguns aspectos do mistério do Verbo Encarnado; e hoje queremos centrar a nossa atenção sobre a Família de Nazaré, cuja festa celebrámos recentemente.

Família santa, a de Jesus, Maria e José, sobretudo pela santidade d'Aquele para quem ela foi constituída como família humana, porque nela encontramos elementos próprios de tantas outras famílias.

É verdadeiramente pobre, tal como nos é apresentada pelo Evangelho, esta família, quer no momento em que nasceu o Filho de Deus, quer no período do exílio no Egipto a que foi obrigada, quer em Nazaré onde vive modestamente com o trabalho das próprias mãos.

Em Jesus, Maria e José, é admirável o exemplo de solidariedade humana e de comunhão com todas as outras famílias, e ainda o exemplo de inserção no mais vasto contexto humano, que é a sociedade. Com esse divino modelo se deve ajustar qualquer outra família humana, e estas devem viver juntamente com ela para resolver os não fáceis problemas da vida conjugal e familiar. Esses problemas, profundos e urgentes, requerem ser encarados com acção solitária e responsável.

Como em Nazaré, assim em qualquer outra família, torna-se Deus presente e insere-se na vida humana. De facto, a família, que é a união do homem e da mulher, destina-se por sua natureza à procriação de novos homens, que são acompanhados na existência por uma diligente acção educativa no seu crescimento físico, mas sobretudo no espiritual e moral. A família é, portanto, o lugar privilegiado e o santuário onde se desenvolve toda a grande e íntima aventura de cada pessoa humana, pessoa que não pode repetir-se. Competem assim à família deveres fundamentais, cujo generoso desempenho não pode deixar de enriquecer abundantemente os principais responsáveis da família, tornando-os cooperadores mais directos de Deus na formação de homens novos.

Eis aí porque é a família insubstituível e, como tal, é defendida com todo o vigor. É necessário nada deixar de intentar para que a família não seja substituída. Requerem-no não só o bem "privado" de cada pessoa, mas ainda o bem comum de toda a sociedade, nação e estado. A família está colocada no centro mesmo do bem comum nas suas várias dimensões, exactamente porque nela é concebido e nasce o homem. É necessário fazer todo o possível a fim de que este ser humano — desde o princípio, desde o momenta de ser concebido — seja querido, esperado, vivido como valor especial, único e sem possibilidade de ser repetido. Deve sentir que é importante, útil, caro e de grande valor, ainda que seja inválido ou diminuído; mais, por isto mesmo deve ser ainda mais querido.

É o ensinamento que brota do mistério da Encarnação.

Um último pensamento desejo apresentar à vossa reflexão, partindo da dificuldade — de grande angústia para uma mãe — que Maria sofreu por não lhe ser possível oferecer um tecto Àquele que ia nascer. O grande e misterioso acontecimento da maternidade pode a muitas mulheres trazer motivos de sofrimento, dúvida e tentação. O "sim" generoso, aquele que a mulher deve pronunciar diante da vida que no seio lhe desabrochou — um "sim", acompanhado muitas vezes pelo temor de mil dificuldades — comporta sempre um acto interior de segurança em Deus e de confiança no homem novo que há-de nascer. Com sentimento fraternal de caridade e solidariedade, não devemos nunca deixar só — em especial se está irresoluta e duvidosa — uma mulher que se prepara para dar à. luz um novo homem que será, para cada um de nós, um novo irmão. Devemos procurar dar-lhe todo o auxílio necessário na situação em que se encontra: devemos animá-la e incutir-lhe coragem e esperança.

A todos expresso os meus votos mais ardentes de todos os bens no princípio deste novo ano, ao mesmo tempo que sinceramente invoco para todos a protecção do Senhor e concedo a Bênção Apostólica.

Mais uma vez, muito obrigado pelas prendas que trouxestes para o Menino Jesus. Podeis estar certos de que um Menino Jesus sempre se há-de encontrar...

 

© Copyright 1979 - Libreria Editrice Vaticana

 



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