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VIAGEM APOSTÓLICA DO PAPA JOÃO PAULO II
À REPÚBLICA DOMINICANA, MÉXICO E BAHAMAS
[25 DE JANEIRO - 1º DE FEVEREIRO DE 1979]

DISCURSO DO SANTO PADRE
DURANTE A VISITA À ESCOLA CATÓLICA
"MIGUEL ÁNGEL"

Cidade do México, 30 de Janeiro de 1979

Queridos jovens

Estou contente por poder encontrar-me hoje convosco nesta escola católica "Instituto Miguel Ángel". Formais um grupo numeroso de todas as idades, tanto os que estudais neste centro como os que vieram de outras escolas católicas. Na vossa juventude vejo e sinto presentes todos os estudantes do País. A todos saúdo com particular afecto, porque vejo em vós a esperança prometedora da Igreja e da nação mexicana de amanhã.

Também desejo saudar afectuosamente os vossos professores, os representantes das instituições formadoras e dos pais de família: Todos mereceis o meu respeito porque todos vós vindes formando as novas gerações.

1. As dificuldades que as escolas católicas no México souberam superar no cumprimento da sua missão, são mais um motivo do meu reconhecimento ao Senhor, e, ao mesmo tempo, um estímulo para a vossa responsabilidade, a fim de que a escola católica leve a cabo a formação integral dos futuros cidadãos sobre uma base autenticamente humana e cristã.

"No cumprimento da sua missão específica, a Igreja deve promover e dispensar a educação cristã a que todos os baptizados têm direito, a fim de alcançarem a maturidade na sua fé. Como servidora de todos os homens, a Igreja procura colaborar mediante os seus membros, especialmente leigos, nas tarefas de promoção cultural humana, em todas as formas que interessam à. sociedade" (Medellín, Educação, n. 9).

A tradição cristã é muito antiga nesta Cidade do México; e foi também pioneira em introduzir a doutrina social da Igreja nos planos escolares de estudo. isto foi o germe de um respeito maior pelos direitos de todos os homens, especialmente dos que sofrem na miséria ou na marginalização social.

2. A Igreja contempla a juventude com optimismo e profunda esperança. Vós, os jovens, representais a maior parte da população mexicana, 50 por cento da qual não chega aos vinte anos. Nos momentos mais difíceis do cristianismo na história mexicana, os jovens deram um testemunho heróico e generoso.

A Igreja vê na juventude uma enorme força renovadora, que o nosso predecessor, o Papa João XXIII, considerava como um símbolo da mesma Igreja, chamada a uma constante renovação de si mesma, ou seja, a um incessante rejuvenescimento.

Preparai-vos para a vida com seriedade e diligência. Neste momento da juventude, tão importante para a plena maturação da vossa personalidade, sabei dar sempre o lugar adequado ao elemento religioso da vossa formação, aquele que leva o homem a alcançar a sua dignidade plena, que é a de ser filho de Deus. Recordai sempre que só se vos apoiais, como diz São Paulo, sobre o único fundamento que é Jesus Cristo (Cfr. 1 Cor. 3, 11), podereis construir algo de verdadeiramente grande e duradoiro.

3. Como recordação deste encontro tão cordial e alegre, quero deixar-vos uma consideração concreta. Com a vivacidade que é própria dos vossos anos, com o entusiasmo generoso do vosso coração, caminhai ao encontro de Cristo: só Ele é a solução de todos os vossos problemas; só Ele é o caminho, a verdade e a vida; só Ele é a verdadeira salvação do mundo; só Ele é a esperança da humanidade.

Procurai a Jesus, esforçando-vos por conseguir uma fé pessoal profunda que informe e oriente toda a vossa vida; mas, sobretudo, que o vosso compromisso e o vosso programa sejam amar a Jesus, com um amor sincero, autêntico e pessoal. Ele deve ser vosso amigo e vosso apoio no caminho da vida. Só Ele tem palavras de vida eterna (Cfr. Jo. 6, 68. ).

A vossa sede de absoluto não pode ser saciada pelos resultados de ideologias que levam ao ódio, à violência e ao desespero. Só Cristo, procurado e amado com amor sincero, é fonte de alegria, de serenidade e de paz.

Mas, depois de se haver encontrado a Cristo, depois de se ter descoberto quem Ele é, não se pode deixar de sentir a necessidade de O anunciar. Sabei ser testemunhas autênticas de Cristo; sabei viver e proclamar, com actos e com palavras, a vossa fé.

Vós, queridíssimos jovens, deveis ter a ânsia e a desejo de serdes portadores de Cristo a esta sociedade actual, mais do que nunca necessitada d'Ele, mais do que nunca à procura d'Ele, apesar de as aparências poderem talvez fazer crer o contrário.

"É necessário — escreveu o meu predecessor Paulo VI na Exortação Evangelii Nuntiandi — que os jovens, bem formados na fé e na oração, se tornem cada vez mais os apóstolos da juventude" (Exortação Evangelii Nuntiandi, 72). A cada um de vós compete a tarefa entusiasmante de ser um anunciador de Cristo entre os vossos companheiros de escola e de divertimento. Cada um de vós deve ter no coração o desejo de ser um apóstolo entre os que estão em seu redor.

4. Quero agora confiar-vos um problema que me está muito a peito. A Igreja está consciente do subdesenvolvimento cultural que existe em muitas zonas do Continente Latino-americano e do vosso País. O meu predecessor Paulo VI, na sua Encíclica Populorum Progressio afirmava: "a educação de base é o primeiro objectivo de um plano de desenvolvimento" (Encíclica Populorum Progressio, 35).

Na dinâmica acelerada de mudança, característica da sociedade actual, é necessário, e, ao mesmo tempo, urgente que saibamos criar um ambiente de solidariedade humana e cristã em torno do preocupante problema da escolarização. Já o recordava o Concílio no seu Documento sobre a educação: "Todos os homens, de qualquer raça, condição e idade; enquanto participantes da dignidade da pessoa, têm o direito inalienável a uma educação..." (Gravissimum educationis, 1).

Não é possível permanecer indiferente perante o grave problema do analfabetismo ou semi-analfabetismo.

Num dos momentos decisivos para o futuro da América Latina, lanço um premente apelo em nome de Cristo, a todos os homens, e, de modo particular, a vós, jovens, para que presteis, hoje e amanhã, a vossa ajuda, serviço e colaboração nesta tarefa de escolarização. A minha voz, a minha súplica de Pai, dirige-se também aos educadores cristãos, para que, com o seu contributo, favoreçam a alfabetização e "culturização", com uma visão integral do homem. Não esqueçamos que "um analfabeto é um espírito subalimentado" (Populorum Progressio, 35).

Confio na colaboração de todos para ajudar a resolver este problema, que diz respeito a um direito tão essencial do ser humano.

Jovens, comprometei-vos humana e cristãmente em coisas que merecem esforço, desprendimento e generosidade! A Igreja espera-o de vós e confia em vós!

5. Depunhamos esta intenção aos pés de Maria, Aquela que vós, Mexicanos, invocais como Nossa Senhora de Guadalupe. Ela foi associada intimamente ao mistério de Cristo e é um exemplo de amor generoso e de entrega ao serviço dos outros. A sua vida de fé profunda é o caminho para robustecer a nossa fé e ensina-nos a encontrarmo-nos com Deus na intimidade do nosso ser.

Ao voltardes para as vossas casas, associações juvenis e grupos de amigos, dizei a todos que o Papa conta com os jovens. Dizei que os jovens são o conforto e a força do Papa, que deseja estar com eles para lhes fazer chegar a sua voz de alento em meio de todas as dificuldades que consigo traz o situar-se na sociedade.

Ajude-vos e estimule-vos a cumprir os vossos propósitos a Bênção Apostólica que de coração concedo, a vós, aos que vos são queridos e a todos os que se dedicam à vossa formação.

 



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