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DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II
AO NOVO EMBAIXADOR DE RUANDA
JUNTO DA SANTA SÉ POR OCASIÃO
DA APRESENTAÇÃO DAS CARTAS CREDENCIAIS

Quinta-feira, 16 de Dezembro de 1999

 

Senhor Embaixador

1. A apresentação das Cartas que acreditam Vossa Excelência como Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário da República de Ruanda junto da Santa Sé oferece-me a ocasião de o receber no Vaticano e de lhe dar as boas-vindas.

Sensibilizaram-me as saudações que o Senhor Embaixador me dirigiu em nome do Presidente da República, Sua Excelência o Senhor Pasteur Bizimungu. Peço que se digne transmitir os meus deferentes votos pela sua pessoa e pelo cumprimento do elevado cargo ao serviço de todos os seus compatriotas. Desejaria aproveitar também este ensejo para saudar cordialmente o povo ruandês. Faço votos por que, depois das provações que ele sofreu, para cada pessoa e família chegue o tempo da reconciliação e dum renovado empenho em favor da edificação duma sociedade próspera, cada vez mais digna do homem e da sua vocação espiritual.

2. No seu discurso Vossa Excelência comunicou-me a vontade de os responsáveis do seu país fazer o possível por que os ruandeses possam viver juntos na paz, na justiça e no respeito dos direitos do homem. De facto, a busca duma coexistência cada vez mais harmoniosa entre todos os componentes da nação deve ser uma prioridade, após a tragédia que atingiu tão profundamente o povo ruandês. Eis por que é dever de todos, e antes de mais de quantos têm responsabilidades na vida da nação, criar desde já as condições que hão-de tornar possível a genuína reconciliação.

3. A qualidade das relações entre a Igreja católica e o Estado ruandês é sem dúvida um dos elementos que podem permitir à sociedade progredir pelos caminhos duma nova esperança para o futuro. Respeitando a missão específica de cada um, faço votos por que, num clima de serenidade e de verdade, se desenvolva uma cooperação confiante entre a comunidade católica e os responsáveis do país, a fim de contribuir para o restabelecimento duma autêntica convivência e de relações sociais pacíficas entre todos os filhos da nação. Por outro lado, é preciso recordar que "onde se semeiam mentira e falsidade, lá florescem suspeita e divisão" (Mensagem para  o  Dia  Mundial  da  Paz  de  1997, n. 5).

Como muitas vezes tive a ocasião de recordar, a justiça é um pressuposto indispensável para o perdão e a reconciliação. Trata-se de um direito fundamental, a fim de que se respeitem todas as pessoas na sua dignidade e se tratem as comunidades com justiça. Nesta perspectiva, encorajo profundamente qualquer esforço que o seu país empreender, em vista de garantir a todos os prisioneiros condições de vida cada vez mais digna e a possibilidade de serem julgados em total equidade, segundo os princípios do direito, em conformidade com as leis morais fundamentais. Faço votos também por que a medida e o tipo das penas infligidas aos culpados sejam avaliadas e estabelecidas cuidadosamente, e jamais se chegue a tomar a decisão extrema de suprimir a vida das pessoas.

4. Para a Igreja católica, o Grande Jubileu que ela se prepara para celebrar é um "ano de graça", e em particular de reconciliação entre os adversários. Ela sente-se de igual modo chamada a promover com vigor quanto pode contribuir para a unidade e a fraternidade entre as pessoas e as comunidades. Deseja olhar para o futuro com a força da esperança que lhe oferece "motivações sólidas e profundas para o empenho quotidiano na transformação da realidade, a fim de a tornar conforme ao projecto de Deus" (Tertio millennio adveniente, 46). Juntamente com todos os homens de boa vontade, deseja contribuir para a criação duma nova cultura de solidariedade e cooperação, para que sejam abolidas todas as formas de violência que dão origem ao domínio de uns sobre outros.

5. Senhor Embaixador, permita-me por seu intermédio dirigir aos Bispos e a toda a comunidade católica de Ruanda os meus votos mais calorosos. No momento delicado que a Igreja ainda vive, encorajo todos os seus membros a permanecerem firmes na fé, a deporem a sua esperança em Cristo, que é "o Caminho, a Verdade e a Vida", unidos aos seus pastores, a fim de darem um fervoroso testemunho do amor de Deus aos seus irmãos e irmãs. Convido-os também, numa colaboração sincera com todos os compatriotas, a procurarem com fervor renovado os caminhos do perdão e da fraternidade.

6. No momento em que Vossa Excelência inicia a missão junto da Sé Apostólica, apresento-lhe os meus melhores votos para a sua feliz realização. Da parte dos meus colaboradores sempre contará com o apoio atento e compreensivo de que poderá ter necessidade.

Sobre Vossa Excelência, o povo ruandês e os seus governantes, invoco do íntimo do coração a abundância das Bênçãos divinas.

 

© Copyright 1999 - Libreria Editrice Vaticana

 



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