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 MENSAGEM DO PAPA PAULO VI
POR OCASIÃO DO INÍCIO
DA CAMPANHA DA FRATERNIDADE NO BRASIL

Segunda-feira, 21 de Fevereiro de 1972

 

Amados Filhos do Brasil,

Mais uma vez estamos convosco, ao começar nova fase da Campanha da Fraternidade, no vosso imenso e belo País.

Sentimo-Nos feliz neste encontro!

Ele se realiza em Cristo: por Ele, nos tornámos filhos de Deus; com Ele, e em Seu nome, queremos contribuir para um mundo mais fraterno; e, por isso, n’Ele nos achamos hoje unidos, em virtude do amor do Seu Espírito, que nos foi dado.

Com Ele, por Ele e n’Ele, vos saudamos com afeto, rendemos graças ao Pai que está nos céus, e Lhe pedimos luzes e calor para os trabalhos e iniciativas desta Campanha, que se propôs o tema auspicioso: Descubra a felicidade de servir.

Servir: palavra mágica e galvanizante, sobretudo para os jovens; e o Brasil é urna nação onde predominam os jovens. Por toda a parte se nota, entre a juventude, sede de ideal, numa procura, às vezes impulsiva, de um sentido para a existência.

Pois bem: onde encontrar esse sentido? Cristo fornece urna pista, com o Seu exemplo: «Aquele que entre vós quiser ser grande, seja o vosso servo. E quem de entre vós quiser ser o primeiro, seja o vosso servo. Do mesmo modo que o Filho do homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a Sua vida como resgate por muitos» (Mt 20, 26-28).

E come servir? Imitando Cristo e observando o «mandamento novo» que d’Ele recebemos: «quem ama a Deus, ame também o seu irmão» (Jo 4, 21), demonstrando-lhe esse amor por todos os meios ao seu alcance. E isso exige renúncias, identificação, de algum modo, com a pessoa amada, e muita generosidade.

Olhai ainda para Cristo: Ele, para nos promover, o que fez? «Despojou-se» do melhor que tinha, a condição divina; depois, colocou-se no nosso lugar, assumindo a «condição de servo»; e levou a Sua generosidade até ao ponto de humilhar-se a Si mesmo, «até à morte e morte de cruz» (Cfr. Flp 2, 7-8). E foi com este amor, posto em prática, que nos tornámos nada menos que filhos de Deus.

Depois, considerai o que o mesmo Cristo ensina, sobre aqueles a quem devemos servir e que encontramos por toda a parte nas cidades, nos campos, nos subúrbios e nas favelas; eles são os «mais pequeninos», a estender-nos a mão, a solicitar a nossa ajuda e o nosso amor. Mas têm urna dignidade, que há-de ser respeitada: «o que fizestes a um destes meus irmãos, mais pequeninos, a mim o fizestes» (Mt 25, 40).

Este respeito, até à identificação de sentimentos, cria o clima de simpatia, onde desabrochará em obras de misericórdia, espirituais e temporais, o amor desinteressado, o único que constrói a autêntica fraternidade.

«Todos os homens são meus irmãos». Por isso, há que promovê-los, levar os «mais pequeninos» a comungar, na verdade e no amor, os bens da família humana. Isso é o alicerce de toda a justiça e equidade, que garante a nossa própria felicidade, na paz e na alegria.

E nós, cristãos, se queremos descobrir e viver, com Cristo, a felicidade de servir, ternos que morrer com Cristo, para o individualismo, para o egoísmo e para o isolamento, a fim de ressuscitar com Cristo, para as alegrias da Páscoa: «Fazei-vos servos uns dos outros, pela caridade» (Gal 5, 14).

Que a isso vos anime a força de Deus, que, para todos vós, imploramos, ao abençoar-vos:

Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amen!

 

PAULUS PP. VI

 



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