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RADIOMENSAGEM DO PAPA PAULO VI
POR OCASIÃO DO
OITAVO CONGRESSO EUCARÍSTICO NACIONAL DO BRASIL

Domingo 31 de maio de 1970

 

Amados Irmãos e Filhos,

Nesta hora, o Brasil inteiro estará voltado para a sua Capital, monumento e símbolo da esperança viva de um Povo, onde, «à Mesa do Senhor», vai encerrar-se o Oitavo Congresso Eucarístico Nacional.
Convidado, com deferência que agradecemos, a dizer urna palavra, com alegria, participando na vossa festa, convosco, antes de mais, queremos rezar: «Bendito, louvado e adorado seja, o Santíssimo Sacramento da Eucaristia!».
Em espírito, com emoção e saudade, volvemos a Brasília: gratas recordacóes afloram ao Nosso espírito. Hoje, contemplamos aí, a solene e grandiosa assembleia - epifania da Igreja nêsse nobre e belo País, e efetivação da Nova Aliança, no amor que a congregou.
E, «damos graças a Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, porque ternos ouvido falar da vossa fé . . . e do vosso amor (mútuo) . . . em vista da esperança, que vos está reservada nos céus» (Col. 1, 3-5).
Congratularno-Nos, portanto, convosco, pela vitalidade da Igreja no Brasil, hoje demonstrada, fruto do empenho e generosidade dos seus Pastores e fiéis, a secundarem a graça divina.
E que diremos, para manifestar a Nossa felicidade por êste encontra e o Nosso afeto por vós, em Cristo?
Em uníssono com o Congresso, estamos todos, voltados para Brasília, antes, voltados para Cristo-Eucaristia: pois bem, queremos exortar-vos e augurar, que a esta atitude física, corresponda urna atitude interior, espiritual e profunda - de conversão pessoal para Deus e de conscientização da vida divina que nos foi dada, que em nós circula, e que, por excelência, comungamos, quando, juntos e bem dispostos, participamos no Corpo e Sangue do Senhor.

Membros de Cristo vivo, a Êle incorporados e configurados, pelo Batismo e Confirmação, nós constituímos a Igreja, a assembleia dos filhos de Deus. Ao celebrar a Eucaristia, significamos e realizamos, de modo especial, o Mistério da Fé, atuando a presença sensível e permanente de Cristo, no meio de nós.
N’Êle unidos, «à Mesa do Senhor e por Êle guiados como Cabeça, nós com amor, damo-nos as mãos e peregrinamos, em demanda da eternidade: «aquêle que vive e crê em mim, não morrerá jamais» (Io. 11, 25).
Do banquete eucarístico, onde, em família, haurimos fôrças para testemunhar a Igreja do Deus vivo, queremos transferir para a existencia quotidiana, a caridade que nos une, que não suporta divisões, ressentimentos, ou lutas estéreis entre irmãos; mas sim, nos quer unidos e concordes, «numa só alma e num só coração» (Act. 4, 32).
Esta comunhão com Cristo e entre nós, na mesma vida divina, faz-nos tomar consciência do dever de contribuir, de modo eficaz, para elevar e transformar cristãmente, o meio ambiente, em que se desenrola a nossa vida no tempo.
É fácil falar-se de mudanças de estruturas sociais; é menos fácil, contudo, atuar aquela base sólida, que lhes garanta o equilíbrio e a estabilidade. Isto é: urna sincera conversão interior ao Evangelho, que nos comprometa pessoalmente e nos ilumine espiritualmente, para irmos ao encentro dos nossos irmãos mais pobres, com caridade respeitosa, para ajudá-los, promovê-los e inserí-los no processo de crescimento do Corpo de Cristo, a fim de êste atingir a sua plenitude (Cfr. Col. 4, 3).

Sabemos que procurar para os homens irmãos o reconhecimento e a defesa dos seus direitos de pessoas humanas, é dever de todos; que, pôr de parte a violênvia é imperativo de consciência e condição de êxito; mas, fazê-lo com amor, à dimensão do amor de Deus, isso é apanágio de quem crê e vive em Cristo, contìnuamente a Ele adere, com a fé e com as obras, porque, sem Êle, nada podemos fazer (Cfr. Io. 15, 6).
Que o Pão da Vida da Eucaristia, recebido com frequência, nos sirva a alimentar e vivificar em nós, êste amor, donde brotará o anelo e o empenho pelo desenvolvimento social, a ser por todos desfrutado, na ordem na prosperidade e na paz; e que o presente Congresso Eucarístico Nacional fique assinalado, para cada brasileiro, por urna estável aproximação de Deus e de todos entre si, em Cristo, na justiça, na verdade e no amor.
A terminar, «muito obrigado», Irmãos e Filhos caríssimos, pelas preces e homenagens, por motivo do cinquentenário do Nosso Sacerdócio, Tudo Nós queremos entender como feito, nesta hora, pelo sacerdócio ministerial da Santa Igreja, que participamos, e como Sumo Pontífice, humildemente, Nos é dado representar. Que Deus vos pague!
A nossa Senhora Aparecida, vossa excelsa Padroeira, elevamos urna prece e um voto: que ao Brasil, que tem na fé em Deus urna das mais lídimas glórias, não faltem bons e numerosos sacerdotes, para «em todo o lugar, oferecerem a Deus urna oblação pura» e para «repartirem aos seus filhos o pão que êles pedem» - pão da divina Palavra e pão da Eucaristia!
Que assim seja, com a Nossa Bênção Apostólica.

                          



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