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RADIOMENSAGEM DO PAPA PIO XII
POR OCASIÃO DA INAUGURAÇÃO
DA IGREJA DE SANTO EUGÉNIO EM LISBOA (*)

Sábado, 2 de Junho de 1951

 

Amados Filhos,

Terminado o solene rito, — Eis ai a Casa de Deus em meio dos homens, onde dora-avante o Senhor habitará com eles! Eles serão o seu povo e família, e Ele, presente em meio deles, será o seu Deus !

Uma nova igreja em meio de uma grande cidade: grande, magnífica, assombrosa coisa; quem a pode avaliar adequadamente? Basta reflectir que o Redentor divino se sentia devorar de zelo, reverência, amor pelo antigo templo, só porque era a Casa de seu Pai; e que hoje Ele mesmo, o Deus incarnado, se digna morar verdadeira, real, substancialmente presente nos nossos templos.

Uma nova igreja, quer dizer uma nova Casa de Oração, onde Deus reside perenemente pronto a acolher a quantos o procuram, a ouvir a suas confidências, a atender as suas súplicas, a cumulá-los de favores; e onde os filhos de Deus o visitam confiadamente, o conversam familiarmente, seguros de serem despachados favoravelmente.

Uma nova igreja, quer dizer mais uma Belém ou Nazaré, onde cada novo dia desce e mora o Salvador; onde renascem e se educam os filhos de Deus e onde todos, grandes e pequenos, ricos e pobres não só da mesma família, mas do mesmo corpo místico e aprendem a reconhecer, amar e beneficiar ao próprio Cristo em cada um dos próximos.

Quer dizer, mais um novo Sinai ou um Monte das bem-aventuranças, onde o Legislador e Mestre divino, volvendo os olhos e o coração aos seus, lhes ensina palavras de vida eterna, que já nesta vida os fazem bem-aventurados e lhes mostram a via que seguramente conduz á infinita bem-aventurança do Reino dos céus.

Mais um Cenáculo ou um Calvário, altar sagrado, celeste propiciatório, tinto quotidanamente no Sangue da Vítima, cuja voz bem mais insinuante que a do sangue de Abel, sobe aos ceus a propiciar a Majestade do Eterno.

Uma nova casa de Deus e Porta do ceu : como se o ceu aí baixasse a poisar na terra para lhe oferecer todas as suas riquezas, e a terra subisse a tocar o ceu, para melhor mostrar a sua pobreza e receber o remédio.

Uma nova igreja: grande e justo motivo de alegria para os que morando á volta dela, nela tem finalmente a sua igreja, a sua casa de oração, o seu altar propiciatório, a sua porta do ceu! promessa segura de bênçãos e graças temporais, espirituais e eternas !

E já por isto era justo que Nós, como Pai comum dos fiéis, que no Coração daquele cujo Vigário somos, abraçamos e amamos a quantos são Nossos filhos em Cristo, era justo que Nós Nos alegrássemos ao ser-Nos comunicada a notícia de que iam ser finalmente satisfeitos os vossos mais vivos desejos e coroadas as diligências de anos, e que hoje se dedicava solenemente a vossa igreja.

Ma vós na vossa piedade e amor filial ao Padre Santo, tão profundo e sincero, como herdado de vossos maiores, tivestes a delicada lembrança de fazer de nova igreja um monumento que perenemente vos recordasse o Vigário de Cristo, procu­rando que fosse cópia da que na cidade eterna recorda o Nosso jubileu episcopal, dedicando-a ao mesmo Santo Predecessor e Protector Nosso, S. Eugénio, escolhendo para motivos da decoração os factos que mais particularmente ligam o Nosso Ponti­ficado á vossa Pátria fidelíssima, e fazendo coincidir a sua dedicação com a hora em que Nós em Roma consagramos o altar e nele pela primeira vez celebramos o incruento Sacrifício.

Esta filial e delicadíssima piedade sensibiliza profundamente Nosso coração paterno, enchendo-o de redobrada alegria, e move-Nos a implorar abundantes e especialíssimas bénçãos do ceu sobre quantos Nos escutais, sobre quantos contribuiram para a erecção de nova igreja, sobre todos os que morando à sua sombra no Báirro Económico da Incarnação, formam a sua parróquia, e enfim sobre quantos aqui entrem para devotamente orar a Deus.

O Omnipotente que com sua presença invisível contém o universo, mas que com sinais visíveis manifesta o seu poder para salvação do gênero humano, torne ilustre e glorioso este templo, fazendo sentir os benefícios da sua divina munificência a quantos aqui a vierem implorar (cfr. Orat. in ipsa Dedicatione Ecclesiae); de modo que se façam eles próprios templos vivos do Espírito Santo e pedras preciosas para o templo da Jerusalém celeste.

Com estes votos e implorando a protecção de Nossa Senhora de Fátima, de S. Eugénio, do grande missionário e mártir S. João de Brito, damos a todos vós, as vossas famílias e a toda a Nação fidelíssima a Bénção Apostólica.

 

(*) Discorsi e radiomessaggi di Sua Santità Pio XII, vol. XIII, pág. 143-148.

 



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