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VIAGEM APOSTÓLICA À ESPANHA
31 DE OUTUBRO - 9 DE NOVEMBRO DE 1982

PAPA JOÃO PAULO II

ANGELUS

Barcelona, 7 de Novembro de 1982

 

Queridos barceloneses e espanhóis todos

Virgem de Monserrate! Templo da Sagrada Família!

Ao visitar hoje estes dois lugares tão queridos a vós, tenho a grata impressão de respirar a genuína religiosidade cristã — tão antiga como as suas raízes e sempre viçosa nas suas manifestações —, que dá robustez ao espírito próprio desta Cidade Condal e de toda a Catalunha.

1. Lá em cima, em Monserrate, Maria continua aceitando, no silêncio confidente de quantos acorrem a Ela, o providencial risco de oferecer o seu seio virginal, em acatamento da vontade de Deus Pai, para que os homens renovem sem cessar os corações à imagem do seu Filho, Jesus, e sob o impulso criador do Espírito. Maria, Virgem e Mãe — presente em tantos Santuários —, oferece asilo e refúgio de salvação à nova humanidade restaurada em Cristo, a Igreja, cujos filhos "não nascem do sangue, nem de vontade carnal, nem de vontade do homem, mas, sim de Deus" (cf. Jo 1, 13). Também vós, que me escutais, sois nascidos de Deus. Sois filhos de Maria! Sim, porque a Igreja é a casa universal da família de Deus, é a vossa casa.

Confiados como estais ao Espírito, que vos recorda continuamente tudo o que Cristo nos deixou dito, vós.

2. Desta misteriosa realidade quer ser expressão visível este magnifico Templo da Sagrada Família de Barcelona, devido à inspiração de uma alma particularmente sensível a tudo o que é eclesial, como o Pe. José Manamet y Vives, e obra de arte do genial mestre António Gaudi. Realidade misteriosa, mas verdadeira, porque Barcelona soube dar vigor a esta vocação familiar, mediante a unidade de fé e a comunhão de vida que animam a actividade quotidiana dos seus habitantes.

"Cap i Casal" da Catalunha, Barcelona é admirada no mundo pelo conhecido dinamismo, laborioso e empreendedor dos seus homens; mas não menos louvável e meritório, sobretudo para a Igreja, é o tradicional espírito acolhedor que ao longo da história levou barceloneses e catalães, vós, a compartilhar cidadania humana e cristã com inúmeros povos, originários de outras regiões da Espanha.

Entre vós formaram um lar; ao vosso lado tenha talvez recobrado sentido e ânimo a sua própria vida; convosco empreenderam com esperanças essa caminhada de sofrimentos e alegrias que vai progredindo dia a dia na existência, como recordam os mistérios do Rosário, representados neste Templo.

É, pois, sumamente instrutivo que todos unidos vós possais proclamar perante a Igreja que esta Cidade e esta região são uma casa ampla e aberta à fraternidade cristã, onde já "não há hóspedes nem peregrinos, mas concidadãos dos santos e membros da família de Deus, porque edificados... sobre o Messias, como pedra angular" (cf. Ef 2, 19-20).

3. Este Templo da Sagrada Família é uma obra que não está ainda terminada, mas tem solidez de um princípio, recorda e compendia outra construção feita com pedras vivas: a família cristã, essencial célula humana, em que a fé e o amor nascem e são cultivados sem cessar. Que a família seja sempre entre vós autêntica "Igreja doméstica", lugar consagrado ao diálogo com Deus Pai, escola de seguimento a Cristo pelos caminhos indicados no Evangelho, fermento de convivência e de virtudes sociais em estreita comunhão com o Espírito que habita nas vossas almas!

Ao recitar o Angelus, quereria que no coração de todos houvesse uma intenção especialmente afectuosa e suplicante pelas mães de família, cuja missão encontra o seu modelo em Maria, Mãe de Jesus Cristo e Mãe da Igreja. "A Virgem — diz-nos o Concilio Vaticano II — deu exemplo daquele afecto maternal de que devem estar animados quantos cooperam na missão apostólica que a Igreja tem de regenerar os homens (Lumen gentium, 65).

Que Deus abençoe as vossas famílias!

 



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