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MENSAGENS DO PAPA JOÃO PAULO II
 AO CONGRESSO NACIONAL PASTORAL DE LIVERPOOL

 

 

Primeiro Documento:

2 de Maio de 1980

É com alegria, que eu vos envio esta mensagem de saudação, ao reunirdes-vos na catedral de Cristo Rei para a inauguração do vosso Congresso Nacional Pastoral.

Os vossos 2.000 delegados vindos de todas as partes da Inglaterra e de Gales, incluindo sacerdotes, diáconos, religiosos, religiosas e leigos   reuniram-se a convite dos vossos Bispos e sob a direcção deles. Como membros da Igreja Peregrina juntais-vos para trocar informações e fazer o inventário do que até agora se realizou, na fidelidade. ao Evangelho e em execução dos decretos do Concílio Vaticano II. Nisto estais vós, seguindo a minha intenção declarada quando fui eleito Papa: ser fiel ao Concílio e fazer esforços par o levar à execução. Deus vos abençoe e guie neste importante propósito.

Fui informado das cuidadosas preparações a que se procedeu nas vossas dioceses, nas congregações religiosas e nas organizações criadas especialmente para esta ocasião. O vosso desejo é terminar uma renovação espiritual profunda das vossas vidas. Ambicionais reforçar o vosso compromisso comum quanto à missão que Nosso Senhor Jesus Cristo confiou a Sua Igreja, missão em que participa todo o Povo de Deus por meio do Baptismo e da Confirmação. Peço que o vosso trabalho comum nestes dias produza abundante fruto. E convido-vos a colocar toda a vossa confiança em Deus "que, pela virtude que opera em nós, pode fazer infinitamente mais do que tudo quanto nós podemos ou imaginamos" (Ef 3, 20).

Envio as minhas saudações também aos observadores provenientes das outras comunidades cristãs que vieram participar, com os seus irmãos católicos e as suas irmãs; nessa significativa celebração religiosa. Como os Padres do Concilio Vaticano II nos recordaram, "lembrem-se todos os cristãos que tanto melhor promoverão e até realizarão a união dos cristãos, quanto mais se esforçarem por levar uma vida mais pura, de acordo com o Evangelho" (Unitatis Redintegratio, 7).

Saúdo também as Autoridades civis e as Representações oficiais que estão presentes, e ofereço a expressão do meu respeito e amizade a toda a cidade de Liverpool na celebração do seu centenário.

Quando estas palavras chegarem a vós, estarei a visitar o povo da África. Pensando na universalidade da Igreja e na unidade em Cristo em que todos nós participamos, recomendo às vossas orações que a minha peregrinação de fé ajude a construir todo o reino de Deus e dê especial ânimo à Igreja na África.

Durante estes próximos dias, o círio do Congresso arderá no santuário da vossa catedral como lembrança da nossa elevada vida em Cristo e do Seu convite a participarmos dessa vida. Seja também sinal da vossa fé, ardendo brilhantemente como sinal de esperança para o mundo. E simbolize ele a vossa confiança em Cristo, que é o caminho, a verdade e a vida.

Estejam com todos vós a graça e a paz do nosso Salvador Jesus Cristo.

 

* * *

Segundo Documento:

3 de Maio de 1980

Veneráveis Irmãos
Caros irmãos irmãs em Nosso Senhor Jesus Cristo

Bem feliz me sinto ao encontrar esta oportunidade de vos falar, delegados ao Congresso Nacional Pastoral, quando começais a considerar importantes problemas relativos à vida da Igreja Católica na Inglaterra e em Gales.

Juntastes-vos em nome de Jesus Cristo. Estais reunidos num espírito de esperança e expectativa, confiando na promessa do nosso Salvador: "Onde estiverem reunidos em Meu nome dois ou três, Eu estou no meio deles" (Mt 18, 20). Desejais durante estes dias medir a vida e o trabalho da Igreja, aprofundar a vossa oração, abrir os vossos corações já mais permeáveis ao chamamento para constante conversão, e sugerir o caminho para a frente no futuro.

É grande responsabilidade e oportunidade para todos vós. Oxalá leveis a termo a vossa tarefa com coragem e humildade, buscando a luz e a força do Espírito Santo para serdes fiéis ao Evangelho. O povo católico das vossas regiões tem longa tradição de lealdade a Cristo e à Sé de Pedro, como testemunham as vidas dos vossos mártires. Oxalá esta tradição de lealdade que herdastes, continue a ser a nota característica das vossas vidas.

No princípio do Congresso, faço eu chegar as minhas congratulações pela iniciativa que estais levando a termo com responsabilidade participada. É iniciativa que certifica a variedade de dons no Corpo de Cristo e a missão vital de todos os baptizados na Igreja que, em união com a Hierarquia e sob a sua direcção, estão construindo o Reino de Deus.

A responsabilidade partilhada na Igreja baseia-se na convicção de ser um e o mesmo o Espírito de confiança que dirige os corações dos fiéis e assiste o Magistério dos pastores do rebanho. A este propósito, gostaria de recordar o que eu disse em Roma a um grupo de Bispos por ocasião da visita "ad limina" que faziam: "Na comunidade dos fiéis — que deve conservar sempre a unidade católica com os Bispos e a Sé Apostólica — há grandes conhecimentos de fé. O Espírito Santo está activo a iluminar as mentes dos fiéis com a Sua verdade e a inflamar os corações deles com o Seu amor. Mas estes conhecimentos de fé e este sensus fidei não são independentes do magistério da Igreja, que é instrumento do mesmo Espírito Santo e assistido por Ele. E é só quando os fiéis são alimentados pela palavra de Deus, fielmente, transmitida na sua pureza e integridade, que os próprios carismas deles são plenamente activos e frutuosos. Uma vez que a palavra de Deus é fielmente proposta à comunidade e por ela aceita, produz frutos de justiça e santidade de vida em abundância" (Ad Limina dos Bispos da Índia, 23 de junho de 1979).

Desde o tempo da minha eleição para a Cátedra de Pedro, considerei dever meu continuar o trabalho do Concílio Vaticano II. Para realizar tal tarefa senti a necessidade de chamar a atenção para a Igreja ser entendida na sua própria natureza e missão, como é apresentada na Magna Charta do Concílio, na Constituição Dogmática sobre a Igreja Lumen Gentium. Muitas vezes precisamos de considerar o mistério da Igreja, procurando apreciar mais ainda com entusiasmo esta comunidade visível de fé, esperança e caridade, por meio da qual Cristo comunica verdade e graça a todos os homens e mulheres (cfr. Lumen Gentium, 8).

Nesta ocasião peço a cada um de vós que medite no mistério da Igreja e pondere os maravilhosos caminhos pelos quais o poder salvífico de Deus é posto em acção por meio dela. Considerai o vosso papel próprio na missão da Igreja, seja ele de sacerdote, diácono, religioso ou leigo. Porque cada pessoa baptizada é chamada a participar activamente na missão da Igreja, de maneira que nos nossos dias ela torne a sua presença sentida e activa. Acima de tudo notemos bem que a Igreja é comunidade de oração. É principalmente na oração que Jesus nos une a Si na Sua actividade de salvação e de serviço.

Irmãos e irmãs em Cristo: "Não percamos de vista Jesus que nos conduz dentro da nossa fé e a leva à perfeição" (cfr. Heb 12, 2). Não percamos de vista a Sua palavra orientadora. Não percamos de vista o Seu Espírito que habita nos nossos corações. Em cada coisa confiemos em Jesus. Confiai na Sua graça que trabalha dentro de vós e vos convida ao sacrifício e à santidade. Confiai na Sua presença na Eucaristia e na totalidade da Igreja. Confiai no poder do Seu Evangelho que será a luz que vos guiará no futuro. "A palavra de Cristo permaneça em vós abundantemente em toda a sabedoria" (Col 3, 16); porque é a Sua justiça, a Sua compaixão e o Seu amor que vós levareis ao mundo.

De novo peço a Deus todo-poderoso vos abençoe e guie, e vos conserve para sempre perto de Cristo, que é caminho, verdade e vida. Juntamente esperemos com antecipado prazer o dia em que — talvez na vossa amada terra — alegrando-nos com o título de dote de Maria, nós poderemos cantar juntos o hino composto para o vosso Congresso:

"A verdade na minha língua, o seu caminho para guiar os meus passos — E eu viverei, não eu mas Cristo em mim".

E é no nome de Cristo que eu vos abençoo a todos: em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém.

 



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