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VIAGEM APOSTÓLICA DO SANTO PADRE
À REPÚBLICA FEDERAL DA ALEMANHA
[15-18 DE NOVEMBRO DE 1980]

DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II
 POR OCASIÃO DO ENCONTRO
COM OS
ARTISTAS E OS JORNALISTAS

"Hercules-Seal der Residenz
Munique, 19 de Novembro de 1980

 

Gentis Senhoras e Senhores

A minha cordial saudação vai para os artistas, e publicistas que, durante a minha visita, vieram a Munique de todas as partes da República Federal da Alemanha. Alegro-me de pode encontrar-me convosco nesta cidade, que foi sempre o coração da arte e, neste último período, se tornou importante centro dos meios de comunicação de massa. Este nosso encontro deve representar um contributo para o diálogo entre a Igreja e a arte, entre a Igreja e os meios de comunicação social, um contributo para o diálogo que por longo tempo foi incompleto ou se realizou sob o signo do contraste e da oposição. Desejaria aludir aqui, em seguida, aos laços que existem entre a Igreja e a arte, entre a Igreja e o jornalismo, os quais podem levar a melhor compreensão recíproca e a frutuosa colaboração para serviço do homem.

1. A relação entre a Igreja e a arte nas arquitectura, na arte figurativa, na literatura, no teatro e na música, tem história complexa. Se não fosse pelos esforços realizados, por exemplo, pelos mosteiros, presumivelmente não teriam sobrevivido os tesouros dos autores antigos, gregos e latinos. Com grande naturalidade pôs-se a Igreja em contacto com a antiga literatura e cultura. Por longo período de tempo foi a Igreja considerada mãe da arte. Actuava como mecenas; os conteúdos da fé cristã forneciam os motivos e os temas da arte. Quanto isto é exacto, fácil é reconhecê-lo com uma simples experiência mental: tiremos da história da arte europeia e alemã tudo o que está relacionado com a inspiração cristã e religiosa, e veremos quão pouco terá ficado da arte.

Nos últimos séculos, sobretudo a partir de 1800, o laço entre a Igreja e a cultura, e portanto entre a Igreja e a arte, afrouxou-se. Aconteceu isto em nome da autonomia e tornou-se mais agudo em nome de uma inundante secularização. Entre a Igreja e a arte abriu-se um fosso, que se tornou cada vez mais largo e profundo. Isto mostrou-se particularmente evidente no campo da literatura, do teatro e mais tarde do cinema. Este afastamento recíproco acentuou-se com a crítica à Igreja e ao Cristianismo, e sobretudo à religião em geral. A Igreja, por seu lado — isto é em certo modo compreensível — desconfiava do espírito moderno e das suas múltiplas formas de expressão. Este espírito era considerado inimigo da Igreja e da fé, crítico quanto à revelação e à religião. A atitude da Igreja estava em proteger-se, pôr-se à distância e opor-se em nome da fé cristã.

2. O Concílio Vaticano II lançou as bases de uma relação substancialmente nova entre a Igreja e o mundo, entre a Igreja e a cultura moderna, e com isto também entre a Igreja e a arte. Poder-se-ia definir como relação de doação, abertura e diálogo. A isto une-se a doação de hoje, a actualização ("aggiornamento"). Os Padres conciliares dedicam, na constituição pastoral  Gaudium et Spes um capítulo inteiro (n. 53-63) à correcta promoção dos progressos culturais e enfrentam o problema, como na Igreja antiga, sem limitações ou temores, com franqueza. O mundo é realidade independente, tem legitimidade própria. Nesta parte é também tratada a autonomia da cultura e da arte: Esta autonomia, se bem interpretada, não é protesto contra Deus ou contra os testemunhos da fé cristã; é antes a manifestação de o mundo de Deus ser uma criação única, livre, entregue e confiada ao homem, para o desenvolvimento da sua cultura e da sua responsabilidade.

Com isto lançou-se a premissa que facultou à Igreja entrar em nova relação com a cultura e com a arte, numa relação de colaboração, de liberdade e de diálogo. Isto é mais facilmente possível e pode ser bastante mais frutuoso, se a arte no vosso Pais é livre e pode realizar-se e desenvolver-se na liberdade. Se vós exercitais a vossa profissão na liberdade responsável, a Igreja quer e deve estar sempre ao vosso lado, perto de vós na solicitude pela dignidade do homem, num mundo que é agitado nos seus fundamentos.

3. A Igreja vê a profissão dos artistas e dos jornalistas numa disposição de ânimo, que define ao mesmo tempo os meios, a grandeza e a responsabilidade dos encargos deles. Segundo a concepção cristã, cada homem é imagem e semelhança de Deus. Isto refere-se de modo particular à actividade criativa dos jornalistas e dos artistas. A vossa profissão é profissão criativa, correspondente àquele encargo. Vós dais forma e substância à realidade e ao material que o mundo vos oferece. Não vos detendes na mera representação ou na descrição da superfície. Procurais "concentrar" a realidade do homem e do seu mundo no sentido original da palavra. Procurais por meio da palavra, do tom, da imagem e da representação, fazer examinar e tornar compreensíveis a verdade e a profundidade do mundo e do homem, das quais fazem parte também os abismos humanos. Por assim dizer, o que é importante não é um acordo secreto, cristão ou de Igreja, da arte ou dos artistas, dos meios de comunicação ou dos jornalistas, mas sobretudo um reconhecimento do ponto de vista da fé cristã, reconhecimento que está cheio de positividade, de respeito e de compreensão. O Cardeal alemão Nikolaus de Kues escreveu esta frase: "A criatividade e a arte, que uma alma tem a felicidade de albergar, não são criativas por si mesmas, porque só Deus cria, mas são por Ele transmitidas e emanadas".

4. Perguntemo-nos ainda: sobre que se baseiam os laços e vínculos recíprocos entre a arte e a Igreja, entre a Igreja e o jornalismo? Podemos responder: o tema da Igreja e o tema dos artistas e dos jornalistas é o homem, a imagem do homem, a verdade do homem, o "ecce home", a quem se referem a história, o mundo e o ambiente, como também o contexto social, económico e político numa obra.

A Igreja, como via da mensagem da fé cristã, recordará sempre que a realidade do homem não pode ser descrita adequadamente prescindindo da dimensão teológica, que não deve nunca ser esquecida; e recordará que o homem é criatura, limitada no tempo e no espaço, precisando de auxilio e complemento. Que a vida humana é dom e aceitação, que o homem anda à procura de significado, de salvação e de libertação, por que é limitado de muitos modos pelos constrangimentos e pela culpa. A Igreja sempre se recordará que em Cristo se encontra a verdadeira e única imagem do homem e da humanidade. Jesus Cristo fica sendo, como diz o filósofo alemão Karl Jaspers, a mais autorizada entre as pessoas mais autorizadas da história. E o Concílio sublinha: "Cristo, que é o novo Adão..., desvela também plenamente o homem ao homem e torna-lhe conhecida a sua altíssima vocação" (Gaudium et Spes, 22).

Também a arte, em todas as suas manifestações — e a esta juntam-se as possibilidades oferecidas pelo cinema e pela televisão — tem como tema fundamental o homem, a imagem do homens e a verdade do homem. Embora a aparência muitas vezes diga o contrário, também a arte contemporânea está consciente destas profundas afirmações e instâncias. A origem religiosa e cristã da arte não está completamente exaurida. Temas como a culpa e a graça, o engano e a libertação, a injustiça e a justiça, a misericórdia e a liberdade, a solidariedade e o amor do próximo, a esperança e a consolação, encontram-se na literatura hodierna, nos livros de texto e nas distribuições das cenas, e deparam-se-nos com ampla ressonância.

A colaboração entre a Igreja e a arte, no que diz respeito ao homem, apoia-se em desejarem ambas libertar o homem dá escravidão e quererem que ele tome consciência de si mesmo. Abrem-lhe ambas o caminho da liberdade — liberdade das exigências das necessidades, da produtividade a todo o custo, da eficiência da programação e da funcionalidade.

5. Dissemos que a Igreja e a arte têm como objecto o homem, a sua imagem, a sua verdade e a revelação da sua realidade — isto dizemo-lo agora, no momento do "aggiornamento", para usar o termo do Concílio Vaticano II.

Este esforço requer, da parte da Igreja e da arte, grande serviço, o serviço à solidez. A Igreja está assinalada esta tarefa; porque a verdade é solidez. Nas manifestações actuais da arte, na literatura e no teatro, na arte figurativa, no cinema e também no jornalismo, o homem é despojado de todas as componentes e supra-estruturas românticas — é representado, por assim dizer, numa nudez realista. Fazem parte desta característica da arte de hoje também a exibição das aberrações e das perturbações, dos temores e do desespero, do absurdo e da insensatez, a representação de um mundo e de uma história depravados até à caricatura. Muitas vezes isto é justificado com a supressão de todos os tabus.

A literatura, o teatro, o cinema e a arte figurativa apresentam-se hoje como crítica, como protesto, como oposição e como acusação contra este estado de coisas. A beleza parece pertencer a uma categoria da arte que serve uma representação do homem na sua negatividade, na sua contradição, na sua falta de caminhos de saída e na essência de todo o significado. Isto parece ser o "ecce homo" de hoje. O chamado "mundo são" torna-se objecto de escárnio e de cinismo. O Concílio Vaticano II pôs-se todos estes quesitos com grande franqueza no seu decreto sobre os meios de comunicação social (Inter mirifica).

Contra a representação do mal, nas suas formas e nos seus vários aspectos, também em nome da fé cristã e da Igreja, nada há que objectar. O mal é uma realidade; cuja dimensão foi vivida e sofrida precisamente no nosso século, precisamente na vossa pátria e na minha, até aos confins mais extremos. Sem esta realidade do mal não seria possível medir igualmente a realidade do bem, da libertação, da graça e da salvação. Isto não é deixar passar o mal mas indica onde ele se encontra. E aqui devemos referir um estado de coisas que não é nem inócuo nem pouco importante. O espelho do negativismo nas várias manifestações da arte hodierna não poderia tornar-se uma finalidade? Não poderia conduzir ao prazer do mal, ao gosto da destruição e da ruína, ao cinismo e ao desprezo pelo homem?

Quando é mostrada a realidade do mal, quer-se apresentar, mesmo na íntima lógica da arte, o terrível como terrível, quer-se atemorizar. Deste modo a representação não tem como fim confirmar o mal; propõe-se antes como finalidade que a situação não piore, pelo contrário, que melhore. Deves mudar a tua vida, deves voltar para trás para começar de novo, deves opor-te ao mal, para não ter o mal a última palavra, não se torne concreta realidade. O que não é somente o brado e a exortação da Igreja, é também o empenho da arte e do jornalismo em todos os campos — e isto não comporta nova hipoteca moralística. A força que ajuda, a força que salva, a força libertadora e purificadora foi representada pela arte desde o tempo dos gregos; disto nos vem o encorajamento à esperança e à busca de uma interpretação, embora todas as perguntas sobre o "porquê" não possam ser resolvidas. Nada disto deve perder-se na arte de hoje, para bem da arte mesma e do homem. Neste serviço pode-se e deve-se chegar a uma união da arte e da Igreja, sem isto lhes apagar as respectivas originalidades.

6. Quando a Igreja se ocupou do "aggiornamento", do aggiornamento da fé cristã, das suas directrizes e das suas promessas, devemos dizer: nunca a situação do homem de hoje, a sua sensibilidade, mas também os limites das suas possibilidades foram representados de modo tão eficaz como pela arte e pelo jornalismo de hoje. A Igreja é obrigada e orientada a seguir esta direcção. Quando a, fé cristã deve ser transmitida como palavra e resposta ao homem, as perguntas devem ser apresentadas conscientemente.

A Igreja precisa da arte. Precisa para transmitir a sua mensagem. A Igreja precisa da palavra, que seja testemunho e transmissão da palavra de Deus e ao mesmo tempo seja uma palavra humana, que faça parte do património linguístico do homem de hoje, assim como é expressa pela arte e pelo jornalismo contemporâneo. Só deste modo pode a palavra manter-se viva e, ao mesmo tempo, comover o homem.

Ao serviço da fé, como é manifestada no serviço divino, põe-se também a música. Todos sabem que muitas grandes composições e obras musicais devem a sua criação ao convite à fé viva da Igreja e a serem serviço divino. A fé não precisa só de conhecimento e de palavras, mas também de cânticos. E a música mostra que a fé é também alegria, amor, veneração e exuberância. Estas motivações e inspirações estão vivas ainda hoje. Muitas vezes a música procura novas expressões no âmbito da reforma da liturgia. Aqui o campo oferece ainda vastas possibilidades. O laço entre a Igreja e a arte, no campo da música, é vivo e frutuoso.

Coisa semelhante se pode dizer das relações entre a Igreja, a arquitectura e a arte figurativa. A Igreja precisa de espaço, para poder celebrar o serviço divino, para reunir o povo de Deus e para as múltiplas actividades deste. Depois das terríveis destruições da última guerra mundial, em todo o mundo e sobretudo na República Federal da Alemanha nasceu uma arquitectura cristã que testemunha a vitalidade da Igreja. A arquitectura das igrejas modernas não quer ser imitação do românico, do gótico, do renascentista e do barroco, cujas esplêndidas criações enriquecem a Baviera; a arquitectura das igrejas modernas, com o espírito e a sensibilidade do nosso tempo, e servindo-se dos meios hoje disponíveis, quer dar forma e expressão à fé de hoje e ao mesmo tempo dar-lhe morada onde encontrar-se. Há disso exemplos excelentes. Para todos quantos tomaram parte nesta obra grandiosa — arquitectos e artífices, teólogos e construtores, párocos e leigos — vai o nosso agradecimento.

7. A Igreja precisa da arte. E precisa dela de muitos modos. Mas também a arte precisa da Igreja? Até agora parece que não. Mas quando o laço entre religião, Igreja e arte é tão estreito, como procurei demonstrar sobretudo quanto ao homem, à imagem do homem e à sua verdade — e quando a fé cristã com os seus conteúdos, transmitidos pela Igreja, inspirou a arte nas épocas do seu maior esplendor e continuou a inspirá-la até hoje, também e sobretudo na Alemanha, então é possível perguntarmo-nos: Mas não se empobrece a arte? É ela capaz de revestir conteúdos e motivos essenciais, quando abandona o caminho da verdade, que é representado pela Igreja?

O encontro de hoje quer ser convite sincero para todos os artistas a nova colaboração, a nova cooperação em plena confiança com a Igreja, convite a redescobrir a profundidade da dimensão espiritual e religiosa, característica em todos os tempos da arte nas suas formas de expressão mais nobres e mais altas.

8. Na reflexão de hoje incluímos também os publicistas e os jornalistas, que exercem a sua obra profissional na imprensa, na rádio e na televisão.

A visita do Papa à República Federal da Alemanha foi acompanhada pelos meios de comunicação social, quer dizer, por vós, publicistas e jornalistas; é continuamente seguida por vós com transmissões do vivo, informações e comentários, que exprimem sobretudo benevolência e aprovação. Tudo isto vos desejo agradecer do coração. Graças ao vosso trabalho, o que se realiza nalgumas cidades da República Federal é divulgado a milhões e milhões de pessoas. Nunca o Evangelho teve na história uma possibilidade deste género: de atingir tantos homens. Por este serviço — que é serviço à fé, à Igreja e portanto serviço ao homem — desejo apresentar-vos de novo agradecimentos.

Nesta ocasião todos encontram modo de observar o poder que foi colocado nas vossas mãos, nas mãos dos publicistas e dos jornalistas. Tendes enorme influência no público, na formação das opiniões e na consciência de milhões de homens. A palavra e a imagem que transmitis — da realidade do mundo, do homem, da sociedade e também da fé cristã —  é determinante para o juízo, o comportamento e actuação de muita gente.

Contrapondo-se à unificação e ao abuso da imprensa durante o período do nacional-socialismo, surgiu na República Federal da Alemanha uma imprensa pluralista. Prescindindo das diferenças políticas e ideológicas, os jornalistas têm a missão de discutir com os outros as próprias convicções e posições, de distinguir e expor as próprias tendências ideológicas e de clarificar e precisar o próprio ponto de vista. Esta grande sorte de liberdade encerra também em si grande responsabilidade. A informação e o comentário das noticias da imprensa devem ser caracterizados pela objectividade, pela capacidade de juízo e belo sentimento de justiça. O perigo de manipular as notícias segundo as próprias tendências é semelhante ao de dar a precedência a acontecimentos sensacionais. No campo da imprensa escandalística existem muitos exemplos deploráveis. É no campo da informação política que se manifesta a ética do jornalista. O peso da sua responsabilidade não será nunca justamente apreciado. Numa sociedade livre, o jornalista não pode trabalhar sem descobrir manifestamente uma clara e fundamental certeza moral e sem a consciência da grande importância da comunicação de massa.

9. A responsabilidade dos publicistas torna-se manifesta sobretudo quando se toma em consideração o efeito dos meios de comunicação.

É responsabilidade dos publicistas ter sempre presente os possíveis efeitos da sua actividade. As investigações sobre os efeitos dos meios de comunicação estão ainda nos inícios, como objecto de ciência. Existem as primeiras indicações sobre os efeitos que as transmissões de actos de violência têm sobre os jovens.

É justo sublinhar que, para o tipo e o grau destes efeitos, não são responsáveis só os meios de comunicação, mas estes não podem negar o próprio influxo, afastar as acusações e repelir as acusações, por trás de uma cómoda defesa. Os publicistas, juntamente com os pais e os mestres, são chamados a reparar nos efeitos nocivos destas representações de violência e a dar o próprio contributo para eliminá-los.

O mesmo vale para o desenvolvimento da cultura política. Também nisto estão os meios de comunicação ligados por um enredo de relações. O jornalista responsável deve ter plena consciência das próprias possibilidades de contribuir para um são desenvolvimento da cultura política, da adesão à verdade, e para maior consideração do valor pessoal dos outros.

Clara indicação do papel de guia dos meios de comunicação, sobretudo da televisão, é fornecida pela análise do desenvolvimento dos nossos valores morais. Aqui os meios de comunicação contribuíram para a mudança dos regulamentos, das normas e das obrigações morais dos homens: no campo do comportamento sexual quer dos jovens quer dos adultos, da maneira de conceber o matrimónio e a família e sua realidade vivida, a educação das crianças. Alguns meios de comunicação social, mudando de maneira responsável as atitudes, abriram aos homens maior liberdade nas relações recíprocas e muitas vezes aprofundaram as relações pessoais entre um homem e outro. Mas hoje é também claro o que talvez seja tido em limitada consideração pelos meios de comunicação e pelos jornalistas que trabalham para eles: a mudança repentina de uma suposta maior liberdade veio a dar em falta de freios; o abandono das obrigações morais levou a novas violências, que não são dignas do homem e da sua dignidade global; a confiança nas relações pessoais enfraqueceu-se. Certamente os meios de comunicação estão longe de ser os únicos responsáveis de tal estado de coisas, mas deram início a este processo e contribuíram para incrementá-lo.

O jornalista tem obrigação de tomar cada vez maior confiança nos efeitos do seu trabalho e em não fechar os olhos diante deste problema. De facto, o poder que lhe foi entregue não representará nunca um perigo, caso o desempenhe com escrúpulo e responsabilidade. O critério da obra de um jornalista não deve ser o êxito para o efeito desejado, mas sim a verdade e a objectividade. De tal modo servis a vossa profissão, de tal modo servis e ajudais o homem.

Para este serviço autêntico à verdade e ao homem, na arte e no jornalismo, peço, e suplico de coração em favor de vós todos, que estais aqui reunidos, e em  favor de todos os vossos colegas, a luz e a assistência de Deus.

 



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