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VIAGEM APOSTÓLICA DO SANTO PADRE À GRÃ-BRETANHA
28 DE MAIO - 2 DE JUNHO DE 1982

DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II
NO ENCONTRO COM OS BISPOS
DA CONFERÊNCIA EPISCOPAL DA ESCÓCIA

Capela do Arcebispado
Terça-feira, 1 de Junho de 1982

 

Queridos Irmãos no Episcopado

1. Reunimo-nos esta noite no nome de Jesus Cristo, que é o "Pastor e Guarda" das nossas almas (1 Ped 2, 25), "o Pastor Supremo" do rebanho (1 Ped 5, 14).

Aqui estamos para reflectir sobre o nosso ministério episcopal e para o oferecer ao Pai por meio de Cristo nosso Senhor, em cujo nome o exercemos. Certamente muitos são os factores que afectam o nosso ministério e nos chamam a respondermos como guias do Povo de Deus. E muitos destes factores temo-los diante dos nossos olhos de modo especial neste tempo, quando a preocupação pela paz e pela reconciliação se torna tão predominante nas nossas mentes. Numa ocasião como esta percebemos que muitos deveres pesam sobre nós, precisamente porque fomos encarregados do "ministério da reconciliação" (2 Cor 5, 18), bem como porque fomos chamados a anunciar um Evangelho de paz.

2. Mas o que é fundamental para a total identidade de um Bispo é o facto de que ele se destina a ser o sinal vivo de Jesus Cristo. "O Senhor Jesus Cristo, Sumo Pontífice — estabelece o Concilio Vaticano II — está presente no meio dos crentes na pessoa dos Bispos" (Lumen gentium, n. 21).

3. Esta verdade fundamental dá-nos um profundo conhecimento de nós mesmos e da necessidade que temos da santidade de vida. A eficácia sobrenatural do nosso ministério está coligada de tantas maneiras com o nosso grau de santidade — segundo estivermos configurados com Cristo pela caridade e a graça. Por isso devemos aceitar o convite de São Paulo como dirigido precisamente a nós: "Revestí-vos do homem novo, criado à imagem de Deus, numa justiça e santidade verdadeiras" (Ef 4, 24).

Como Jesus, somos chamados a pregar a conversão, a fazer ressoar as palavras por Ele proclamadas no início do seu público ministério: "Convertei-vos e acreditai no Evangelho" (Mc 1, 14). Mas, também aqui a nossa eficácia dependerá de quanto estivermos abertos à graça; nós mesmos devemos dispor-nos à experiência da conversão por nós proclamada. Assim, a santidade tornar-se-á para nós, como tive ocasião de dizer a um outro grupo de Bispos, "a principal prioridade na nossa vida e no nosso ministério" (AAS 71, 1979, p. 1.220).

4. Não há dúvida sobre isto: a nossa fidelidade ao amor de Jesus e a nossa amizade com Ele, são essenciais para todos os trabalhos apostólicos que fazem parte da nossa vida diária. Esta fidelidade ao amor e esta amizade com Cristo, cujo reino proclamamos, devem ser alimentadas pela nossa própria vida de oração. Somente a união com Cristo faz com que nos tornemos efectivos ministros do Evangelho. Recordemos as palavras de Jesus: "Aquele que permanece em Mim, e Eu nele, dará abundantes frutos" (Jo 15, 5).

5. Como Bispos, temos o dever de meditar na santidade de Cristo. De facto, o nosso povo pede-nos ainda mais: ele quer, e exige, o sinal de uma profética antecipação da santidade para a qual nós o convidamos. Pede-nos que sejamos os seus guias na santidade, traçando-lhe claramente o caminho para seguir a Cristo.

E assim devemos ser, na expressão de São Pedro, "modelos para o rebanho" (1 Ped 5, 3) — ensinando o modo de dizer sim a Deus, sim aos outros, sim aos mais elevados ideais da vida cristã.

6. Embora seja grande o desafio, ainda maior é a força da graça de Cristo. Através da adoração à Eucaristia vós encontrareis luz e força, alegria do coração, inspiração e os maiores meios de santidade. E como primeiros sacerdotes na orientação do vosso povo reunido para o culto, encontrareis no Sacrifício Eucarístico o pleno cumprimento do vosso ministério episcopal.

Pela própria frequência ao Sacramento da Penitência, encontrareis renovado contacto com Cristo, de quem sois os compassivos representantes e que vos chama individualmente à conversão sempre renovada e à santidade de vida. Encontrareis os meios para dar aos vossos sacerdotes e ao povo uma nova afirmação da extrema importância deste sacramento hoje na Igreja. Pelo vosso próprio modo de vida — uma vida de união com Deus através da oração e da penitência — tornar-vos-eis pregadores mais zelosos do mistério da salvação e da vida eterna: Ex abundantia enim cordis os eius loquitur (Lc 6, 45).

7. De facto, tudo nas vossas vidas, o inteiro apostolado da Escócia, será considerado vantajoso segundo a companhia com Cristo, que vos escolheu para que anuncieis as suas "inescrutáveis riquezas" (Ef 3, 8), luteis pela paz e, como Ele fez, entregueis as vossas vidas pelo rebanho.

Caros irmãos Bispos, neste encontro colegial de hoje temos a maravilhosa oportunidade de renovar, juntos, a nossa própria dedicação ao nosso ministério episcopal ao serviço de Cristo e da sua Igreja. E nesta perspectiva do seu ministério, devemos sempre recordar que Jesus Cristo ocupa o primeiro lugar nas nossas vidas. Foi Cristo quem designou Onze: "para estar na sua companhia e enviar..." (Mc 3, 14).'

8. Para isto também nós fomos chamados, para sempre: estarmos com Cristo e por Ele sermos enviados — juntos — para anunciar a Boa Nova do reino de Deus. Mediante a vossa santidade e a das Igrejas locais que presidis e servis, possa esta Boa Nova continuar a expandir-se pela Escócia, para glória da Santíssima Trindade — Pai, Filho e Espírito Santo.

Que Maria, Rainha da paz e Mãe da Igreja, interceda por vós e por todos os que através da vossa palavra acreditarem no nome do seu Filho, Jesus Cristo.

 

 



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