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VIAGEM APOSTÓLICA À ESPANHA
31 DE OUTUBRO - 9 DE NOVEMBRO DE 1982

PALAVRAS DO PAPA JOÃO PAULO II
 DURANTE O ENCONTRO
 COM OS DOENTES EM SARAGOÇA

6 de Novembro de 1982

 

Queridos doentes

1. No quadro da minha visita ao Pilar de Saragoça, para o acto mariano nacional, tem lugar este encontro do Papa com os doentes. É para mim um dos mais importantes da minha viagem apostólica. Porque em vós eu me encontro de maneira especial com Cristo que sofre, com Cristo que passou curando os doentes, que se identifica de tal modo convosco que considera feito a Ele mesmo o que a vós se faz. Voltai a ler num momento de paz alguma das páginas do Evangelho que se referem a vós (cf. Mt 8: 9; 15; 25, 32-40).

Sois poucos os aqui presentes, mas representais todos os doentes da Espanha. Tanto os que estão internados num instituto sanitário público ou privado, como os que estão nas suas casas, no leito, na cadeira de rodas, na sua imobilidade ou que caminham sob o peso da enfermidade.

Quereria neste momento ter milhares de mãos que se alargassem para estreitar cada uma das vossas, perguntar-vos como estais, compartilhar ao menos por um momento as vossas ansiedades e sofrimentos, e deixar-vos uma palavra de alento e um abraço de irmão. Todos vós que me vedes através da televisão ou me ouvis pela rádio, senti-me intencionalmente ao vosso lado.

2. Vós que viveis sob a provação, que vos defrontais com o problema da limitação, do sofrimento e da solidão interior diante dele, não deixeis de dar um sentido a essa situação. Na cruz de Cristo, na união redentora com Ele, no aparente fracasso do Homem justo que sofre e com o seu sacrifício salva a humanidade, no valor de eternidade desse sofrimento está a resposta. Voltai o olhar para Ele, para a Igreja e o mundo, e elevai o vosso sofrimento, completando nele, hoje, o mistério salvífico da sua cruz.

Tem um grande valor sobrenatural o vosso sofrimento. E, além disso, sois para nós uma constante lição que nos convida a relativizar tantos valores e formas de vida. Para vivermos melhor os valores do Evangelho e desenvolvermos a solidariedade, a bondade, a ajuda, o amor.

Por isso, não considereis inútil o vosso estado, que tem para a Igreja e para o mundo de hoje um grande sentido humanizante, evangelizador, expiatório e impetratório. Sobretudo se vós mesmos adoptais uma atitude aberta, criadora dentro do possível e positiva, diante da acção de graça que actua no vosso espírito.

3. Mas não posso deter-me só em vós. Ao pensar na vossa condição, penso espontaneamente nas vossas famílias, nos profissionais e trabalhadores sanitários, nas religiosas, religiosos e sacerdotes do mundo da saúde. Em todos os que, no complexo âmbito da sociedade actual, se dedicam à atenção do doente.

É uma missão de extraordinário valor, que deve ser vivida como verdadeira opção vocacional, com grande sentido ético de solidariedade e respeito ao homem doente, sem esquecer a transcendente e religiosa dimensão do ser humano.

Dirija-se a minha palavra de ânimo a quantos trabalham neste campo que requer tanta sensibilidade humana e espiritual, para estar em sintonia com as exigências e expectativas do doente. Com o meu júbilo e aplauso às quase 13.000 religiosas e 2.000 sacerdotes e religiosos que prestam o seu serviço no campo de assistência sanitária, sobretudo nos sectores mais desatendidos de enfermos mentais, crónicos, desesperados, deficientes e anciãos.

4. Para dar uma eficácia maior à pastoral entre os doentes, é necessário que toda a comunidade cristã se sinta chamada a colaborar nessa tarefa.

Aí têm o seu lugar os membros dos organismos eclesiásticos ou religiosos, das associações e movimentos leigos católicos; aí têm o seu lugar as paróquias, chamadas a estimular grupos específicos de apostolado e de voluntariado de ajuda aos doentes. Deste modo a comunidade cristã fará presente na nossa sociedade sempre mais secularizada o amor cristão.

5. A Virgem Santíssima do Pilar recomendo as intenções e necessidades de cada doente — homem ou mulher, criança ou adulto — da Espanha, assim como as de quantos se dedicam ao cuidado dos doentes e à assistência sanitária. Sobre todos invoco a serenidade, a esperança das bem-aventuranças, a melhoria na sua saúde, e a todos abençoo de coração, no nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.

 



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