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 DISCURSO DO DO SANTO PADRE AO SENHOR
MALALA ZO RAOLISON RANDRIANJANOA RAMAHATAFANDRY
 EMBAIXADOR DE MADAGÁSCAR JUNTO À SANTA SÉ
POR OCASIÃO DA APRESENTAÇÃO DAS CARTAS CREDENCIAIS

Quinta-feira, 28 de Maio de 1998

 

 

Senhor Embaixador

1. Seja bem-vindo ao Vaticano, onde tenho o prazer do o receber por ocasião da apresentação das Cartas que o acreditam como Embaixador extraordinário e plenipotenciário da República de Madagáscar junto da Santa Sé.

Agradeço-lhe ter-me transmitido as saudações de Sua Excelência o Senhor Presidente Didier Ratsiraka. Peço-lhe a amabilidade de lhe transmitir os votos que formulo pela sua pessoa e pelo cumprimento da nobre missão de guiar a Nação pelas vias da prosperidade e da concórdia entre todos os seus membros. Saúdo cordialmente também o povo malgaxe e os seus dirigentes, e peço a Deus que lhe permita ver coroados de sucesso os seus esforços pelo restabelecimento duma sociedade fundada no respeito da vida e nas relações de solidariedade, a verdadeira fihavanana, que são a riqueza da vossa cultura, em vista dum desenvolvimento harmonioso.

2. Vossa Excelência informou-me sobre o empenho do seu País por progredir resolutamente rumo à consolidação do Estado de direito e da democracia, no respeito das prerrogativas fundamentais de todos os cidadãos. É necessário que o governo dos povos se estabeleça no respeito das leis que protegem os direitos e definem os deveres das pessoas. Com efeito, sabemos que os impedimentos à livre participação de cada um nas escolhas que orientam a vida colectiva levam, com frequência, a conflitos cujas consequências podem ser temíveis para o futuro duma nação. Por outro lado, seria bom fazer de maneira que o dever de solidariedade entre as diversas componentes da sociedade se torne cada vez mais uma prioridade: a gestão do património comum, fundada na justiça e na transparência, deve procurar providenciar às necessidades de todos, permitindo-lhes viver uma vida digna e respeitada.

No seu discurso, Vossa Excelência ressaltou também o lugar importante que os valores familiares ocupam na cultura malgaxe. É tarefa do Estado apoiar e proteger a família, aplicando uma política social, económica e educativa que lhe permita cumprir todas as suas obrigações de modo verdadeiramente humano, sobretudo no que se refere às crianças, pois a célula familiar é uma realidade primária e vital para toda a sociedade. Como recordei na exortação apostólica Familiaris consortio, «saem, de facto, da família os cidadãos e na família encontram a primeira escola daquelas virtudes sociais, que são a alma da vida e do desenvolvimento da mesma sociedade» (n. 42).

Num tempo em que, com muita frequência, o mundo submete sem medidas à sua vontade os recursos da terra, seria bom também recordar-se de que a dignidade do homem e o progresso da sociedade não se realizaria em toda a sua amplitude, como Vossa Excelência ressaltou, a não ser num ambiente sadio e protegido que preserve o equilíbrio geral da natureza, no qual deve ser impedido qualquer tipo de degradação. Com efeito, é um dever respeitar o dom precioso que Deus faz à humanidade, para que ela possa progredir na harmonia e lhe permita colaborar na sua obra de criação em vista do bem comum. É de igual modo uma grave responsabilidade em relação às gerações vindouras.

3. Num espírito de diálogo e colaboração com os homens de boa vontade, a Igreja católica em Madagáscar deseja participar plenamente, com a sua tarefa específica, na construção duma nação próspera e fraterna. O amor de Cristo, do qual quer dar testemunho ao coração da humanidade, convida a preocupar- se por todos os homens, privilegiando os mais débeis e os que sofrem. Mediante a sua palavra e empenhos efectivos, a Igreja defende o homem de todas as formas de exploração, recordando sem cessar a necessidade dum desenvolvimento integral da pessoa e da colectividade, fundado nos valores humanos e espirituais. Mediante o seu ensinamento social, ela deseja também contribuir para a formação das consciências na sua busca da verdade sobre o homem, para que possam responder às urgências e aos desafios devidos às mudanças profundas e rápidas que a sociedade vive.

4. Senhor Embaixador, permiti-me saudar por seu intermédio os Bispos e os membros da comunidade católica de Madagáscar, dos quais tive o prazer de conhecer a calorosa hospitalidade. Neste segundo ano de preparação para o Grande Jubileu, consagrado ao Espírito Santo, encorajo-os a dar testemunho de maneira cada vez mais intensa da esperança cristã perante as evoluções do mundo e a situação de cada pessoa humana, bem como a empenhar-se quotidianamente «na transformação da realidade a fim de a tornar conforme ao projecto de Deus» (Tertio millennio adveniente, 46).

5. No momento em que inicia a sua missão junto da Santa Sé, apresento-lhe os meus melhores votos. Esteja certo de que encontrará sempre um acolhimento atencioso e uma compreensão cordial junto dos meus colaboradores. Sobre Vossa Excelência, sobre o povo malgaxe e seus dirigentes, invoco de todo o coração a abundância das Bênçãos divinas.  

 

© Copyright 1998 - Libreria Editrice Vaticana

 



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