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DISCURSO DO SANTO PADRE
AO EMBAIXADOR DA ERITREIA
JUNTO À SANTA SÉ POR OCASIÃO DA
 APRESENTAÇÃO DAS CARTAS CREDENCIAIS
 

Quinta-feira, 6 de Dezembro de 2001  

 

Senhor Embaixador

É-me grato dar-lhe as boas-vindas ao Vaticano, neste dia em que Vossa Excelência apresenta as Cartas que o designam Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário do Estado da Eritreia junto da Santa Sé. As saudações que me transmitiu  da  parte  do  Presidente, Sua Ex.cia o Senhor Isaías Afwerki, assim como do Governo e do Povo da Eritreia são muito apreciadas, e asseguro-lhe os meus sinceros bons votos pelo bem-estar do seu País, de maneira especial neste período em que está a esforçar-se para se restabelecer das devastações da guerra e para dar aos seus cidadãos a possibilidade de voltar a levar uma vida normal.

Quando falou dos Acordos de Cessação das Hostilidades, assinados pela Eritreia e pela Etiópia no ano passado, Vossa Excelência fez uma alusão às dificuldades e às tensões ainda existentes no caminho da plena realização das exigências de tais acordos. Sem dúvida, o compromisso incessante de todas as partes é absolutamente necessário, se se quiser alcançar uma paz justa e duradoura, assente na reconciliação e na cooperação. A comunidade internacional não pode esquecer a sua responsabilidade a respeito disto. Embora se tenha em consideração a emergência a longo prazo, em que o mundo veio a encontrar-se a partir do dia 11 do passado mês de Setembro, contudo os países mais desenvolvidos devem continuar a oferecer a assistência necessária em muitas outras situações, se quiser alcançar uma paz e solidariedade a nível mundial.

Nas últimas décadas, observou-se a existência de um laço estreito entre a paz e o desenvolvimento, dois dos maiores desafios que se apresentam ao nosso mundo contemporâneo.

Na perspectiva dos recentes ataques terroristas e dos consequentes acontecimentos, a relação entre o progresso autêntico e a paz verdadeira foi posta numa óptica ainda mais clara. Tornou-se mais evidente que as relações políticas e económicas entre nações e povos devem edificar-se sobre um novo fundamento. Há que deixar de lado os interesses egoístas e os esforços que visam revigorar as posições de domínio. As nações em vias de desenvolvimento não podem ser consideradas como simples fontes de matéria-prima ou mercados para produtos já manufacturados, mas como verdadeiros parceiros numa ordem internacional mais justa, parceiros que têm uma contribuição vital a oferecer para o bem de toda a família humana.

Há urgente necessidade de uma filosofia do progresso que seja mais elevada. As políticas do desenvolvimento não podem limitar-se unicamente ao encorajamento do progresso material; elas devem ter em vista ajudar os homens e as mulheres a alcançar a verdadeira liberdade à qual todos os povos aspiram de modo profundo e constante. A busca da liberdade deriva do sentido da dignidade e do valor inestimáveis da pessoa humana, e é precisamente este valor inalienável de todas e de cada uma das pessoas que há-de ser aceite como critério para a acção económica, social e política. A pessoa humana deve ser sempre o ponto central. A todos os níveis de desenvolvimento, é necessário um compromisso resoluto em favor dos direitos e da dignidade inalienáveis do ser humano. É este empenhamento que a Santa Sé procura promover e fortalecer através da sua presença no seio da comunidade internacional.

De resto, é necessária uma compreensão correcta da pessoa humana, se a promoção do desenvolvimento e o impulso da paz quiserem obter bons resultados. A Igreja tem um importante contributo a oferecer neste campo específico. Através do seu ensinamento social, ela procura aumentar a consciência a respeito das exigências da justiça e da solidariedade. Compartilhando com os povos do nosso tempo o profundo e ardente desejo de uma vida justa e digna em todos os seus aspectos, a Igreja está comprometida em muitos esforços práticos que visam melhorar a sociedade e corresponder às necessidades humanas concretas. Esta é a motivação que se encontra na base do seu trabalho nos campos da educação, da assistência médica e dos serviços sociais em geral, que ela desempenha em fidelidade ao seu divino Fundador, que "não veio para ser servido, mas para servir" (Mt 20, 28). Neste momento, desejo expressar a minha gratidão pelas suas palavras de estima a propósito da contribuição positiva que a Igreja tem oferecido em favor da sociedade eritreia e, agora, de maneira especial com os esforços em ordem a ajudar as vítimas da guerra.

Senhor Embaixador, durante o período da sua missão não lhe faltará a assistência da parte da Santa Sé, em benefício do cumprimento das suas responsabilidades.  Transmito-lhe  os  meus  melhores  votos  para  o  bom  êxito  dos seus esforços que visam desenvolver daqui em diante os relacionamentos já existentes entre o seu País e a Santa Sé, e rezo a fim de que Deus todo-poderoso lhe conceda, assim como ao seu amado povo  eritreu,  as  abundantes  Bênçãos celestiais.

 

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