Index   Back Top Print

[ DE  - EN  - ES  - FR  - IT  - PT  - SK ]

VIAGEM APOSTÓLICA DO PAPA JOÃO PAULO II À ESLOVÁQUIA
(11-14 DE SETEMBRO DE 2003)

FESTA LITÚRGICA DE SÃO JOÃO CRISÓSTOMO

HOMILIA DO PAPA JOÃO PAULO II

Rožňava, 13 de Setembro de 2003

 

1. "Recomendo-vos, pois, eu mesmo, prisioneiro no Senhor, que andeis de uma maneira digna do chamamento que recebestes" (cf. Ef 4, 1). O convite premente do apóstolo Paulo à comunidade cristã de Éfeso assume um significado particular para todos nós aqui reunidos. A cada fiel, na diversidade das vocações e dos carismas, é confiada a tarefa de ser discípulo e apóstolo: Discípulo, em escuta humilde e dócil da palavra que salva; apóstolo, com o testemunho apaixonado de uma vida modelada pelo Evangelho.

Um provérbio eslovaco diz: "As palavras admoestam, os exemplos atraem". Sim, queridos Irmãos e Irmãs, é grande o contributo que também vós podeis dar, com o "estilo" da vossa vida crista, à evangelização do mundo contemporâneo e à construção de uma sociedade mais justa e fraterna. Por isso digo-vos com o apóstolo Paulo: "Considerai, pois, irmãos, a vossa vocação" (1 Cor 1, 26).

2. Saúdo-vos com afecto, no nome do Senhor, a todos vós, filhos e filhas desta Igreja local, começando pelo vosso Bispo, D. Eduard Kojnok, ao qual agradeço as cordiais palavras que me dirigiu, e pelo seu Coadjutor, D. Vladimír Filo. Dirijo um pensamento benévolo aos Bispos presentes e aos peregrinos que vieram de outros Países e dioceses. Saúdo as Autoridades civis e militares, sobretudo o Senhor Presidente da República Eslovaca e o Presidente do Parlamento. Agradeço a todos o acolhimento e o empenho dedicado para a preparação da minha visita.

(Em húngaro)

Desejo dirigir um pensamento particular à comunidade de língua húngara, tão numerosa nesta região e parte integrante desta diocese. Orgulhosos das vossas tradições, caríssimos Irmãos e Irmãs, e fiéis ao ensinamento dos vossos antepassados, mantende firme a fé e viva a esperança, tirando força do apego a Cristo e à sua Igreja. A vossa presença é um enriquecimento constante para a Terra eslovaca e sei que os Pastores desta Igreja local tem a preocupação de ir ao encontro das vossas aspirações espirituais, salvaguardando sempre a unidade eclesial, factor de crescimento humano e espiritual para toda a sociedade eslovaca.

(Em língua eslovaca)

3. Queridos Irmãos e Irmãs, ao vir de Bratislava e de Kosice, pude admirar as grandes extensões de terra cultivada, testemunha do vosso trabalho e da vossa fadiga. Pensei com grata simpatia em quantos estão empenhados na agricultura e dão com a sua dedicação um contributo indispensável à vida da Nação. Saúdo-os com afecto. Na parábola evangélica que acabou de ser proclamada, o próprio Jesus comparou-se ao semeador, que espalha com confiança a semente da sua palavra no terreno dos corações humanos.

O fruto não depende apenas da semente, mas também das diversas situações do terreno, isto é, de cada um de nós. Ouçamos a explicação da parábola feita pelo próprio Jesus. A semente devorada pelas aves recorda a intervenção do maligno, que leva ao coração a incompreensão do caminho de Deus (cf. Mc 8, 33), que é sempre o caminho da Cruz.

A semente sem raízes descreve a situação na qual a Palavra é aceite apenas exteriormente, sem aquela profundidade de adesão a Cristo e sem aquele amor pessoal por Ele (cf. Cl 2, 7) que são os únicos que permitem conservá-lo.

A semente sufocada recorda as preocupações da vida presente, a atracção exercida pelo poder, o bem-estar e o orgulho.

4. A Palavra não dá fruto automaticamente: mesmo sendo divina portanto omnipotente adapta-se às condições do terreno, ou melhor, aceita as respostas que o terreno dá, e que podem ser também negativas. Mistério da condescendência de Deus, que chega a entregar-se completamente nas mãos dos homens! Porque, no fundo, a semente lançada nos vários terrenos é o próprio Jesus (cf. Jo 12, 24).

A leitura desta parábola e da explicação dada por Jesus aos seus discípulos suscita em nós uma reflexão obrigatória. Nós somos, queridos Irmãos e Irmãs, o terreno no qual o Senhor depõe incansavelmente a semente da sua Palavra e do seu amor. Com que disposições o acolhemos? Como sabemos fazê-lo frutificar?

5. São João Crisóstomo, do qual recordamos a festa litúrgica, escreve: "Levo comigo a sua Palavra: ela é o meu apoio, a minha segurança... Ela é a minha fortaleza e defesa" (cf. Homilias antes do exílio, nn. 1-3: PG 52, 428).

Hoje, o Papa confia-vos a todos o tesouro desta Palavra, tornando-se, por sua vez, semeador confiante que coloca no segredo do coração de cada um a "boa nova" do Reino.

Sede o terreno fértil e bom que, com a abundância dos seus frutos, conforta as expectativas da Igreja e do mundo.

"São inúteis os esforços dos homens, se Deus não os abençoar", recita ainda sabiamente outro provérbio vosso. Por isso, invoco sobre vós e sobre o vosso compromisso de vida crista abundantes bênçãos do Altíssimo.

Sede fiéis a Deus, cumpri os seus mandamentos. Defendei a vida e sede fiéis à Igreja e à vossa pátria, a Eslováquia.

Amen!

 



Copyright © Dicastero per la Comunicazione - Libreria Editrice Vaticana