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PEREGRINAÇÃO JUBILAR  DO PAPA JOÃO PAULO II
À GRÉCIA, SÍRIA E MALTA
(4 - 9 DE MAIO DE 2001)

 ENCONTRO COM OS JOVENS SIRIANOS

DISCURSO DO SANTO PADRE

Damasco, 7 de Maio de 2001

 

Queridos amigos

Quando os Cardeais me elegeram para a Cátedra de São Pedro, falei aos jovens e disse-lhes:  vós sois a minha esperança, vós sois a esperança da Igreja. Depois de vinte e três anos, repito-vos com maior convicção:  vós sois a esperança da Igreja! Hoje desejo acrescentar:  vós sois a esperança da Síria! Esperança da paz, da unidade e da civilização do amor. Vós sois a esperança.

Queridos jovens

1. "A paz esteja convosco!". Dirijo-vos nesta tarde a saudação pascal que o Senhor ressuscitado transmitiu aos seus discípulos. Sinto-me feliz por vos encontrar no final da minha peregrinação seguindo os passos do Apóstolo Paulo na Síria. Agradeço aos jovens que me saudaram em nome de todos. Pertenceis a confissões cristãs diferentes, mas, todos juntos, desejais pôr-vos à escuta do único Senhor e caminhar para Ele:  a vossa presença aqui seja o sinal do vosso empenho comum a participar, com a graça de Cristo, na promoção da plena unidade visível entre todos os cristãos!

Saúdo cordialmente Sua Beatitude o Patriarca Gregório III, e agradeço-lhe as palavras de boas-vindas que houve por bem dirigir-me, em nome dos Bispos do Patriarcado de Antioquia dos greco-melquitas. Nesta catedral, o meu pensamento fraterno dirige-se também para o Venerado Patriarca Maximos Hakim, que, da sua residência de Beirute, se une a nós na oração.

2. O trecho da segunda carta a Timóteo, que ouvimos é para vós um encorajamento:  "Se morrermos por Ele, também com Ele reviveremos. Se perseverarmos, reinaremos com Ele, mas se O negarmos, Ele também nos negará. Se formos infiéis, Ele continuará fiel, porque não se pode contradizer a Si mesmo" (2, 11-13).

Queridos jovens, viveis num período no qual abundam as interrogações e as incertezas, mas Cristo chama-vos e suscita em vós o desejo de fazer do vosso caminho algo de grande e de bom, a vontade de perseguir um ideal, a recusa de ceder à mediocridade, a coragem de vos empenhardes, com uma paciência perseverante.

3. Para responder a esta chamada, procurai constantemente a intimidade com o Senhor da vida, mantendo-vos fielmente na sua presença mediante a oração, o conhecimento das Escrituras, o encontro eucarístico e o sacramento da Reconciliação. Desta forma edificareis e fortificareis "o vosso ser interior", como diz o Apóstolo Paulo. A relação directa com o Senhor também constitui o segredo de uma existência que dá fruto, porque é organizada à volta do que é central para todo o ser humano, o diálogo com Aquele que é o nosso Criador e Salvador. Desta forma, a vossa vida não será superficial, mas estará profundamente enraizada nos valores espirituais, morais e humanos, que são a coluna vertebral de qualquer ser e de toda a existência. Recordai-vos de que não é possível ser cristão recusando a Igreja fundada em Jesus Cristo; que não é possível proclamar-se crente sem ter gestos de fé; que não é possível afirmar que se é homem e mulher espiritual sem se deixar modelar por Deus numa escuta humilde e jubilosa do seu Espírito, e sem estar disponível à sua vontade.

Então sereis capazes de fazer opções e de vos empenhardes com todas as vossas forças. Talvez hoje vos façais a vós mesmos perguntas como estas:  que caminho empreender? Que fazer da minha existência? A quem seguir? Não receeis reflectir com calma, o tempo que for preciso, com os adultos para encarar com seriedade as escolhas que deveis fazer e que exigem a escuta de Cristo, que vos convida a segui-lo pelos caminhos exigentes de um testemunho corajoso ao serviço dos valores pelos quais vale a pena viver e dar a própria vida:  a verdade, a fé, a dignidade do homem, a unidade, a paz e o amor. Com o apoio de Cristo e da sua Igreja, tornar-vos-eis cada vez mais homens e mulheres livres e responsáveis pela vossa existência, que desejam participar activamente na vida da sua Igreja, nas relações entre as comunidades religiosas e humanas, e na construção de uma sociedade cada vez mais justa e fraterna.

4. O Senhor Jesus pede aos seus discípulos que sejam sinais no mundo; que sejam, onde vivem e trabalham, instrumentos visíveis e credíveis da sua presença de salvação. Não é só com as palavras, mas sobretudo com um estilo de vida particular, com um coração livre e um espírito criativo, que fareis descobrir aos jovens da vossa geração que Cristo é a vossa alegria e a vossa felicidade. Por isso, é oportuno evitar o afastamento, hoje frequente, que faz com que a fé não faça parte da vida e que a vida evite a fé. O ser e a existência do cristão devem estar unificados à volta do seu núcleo central, a adesão a Jesus Cristo; ele poderá repetir sem cessar com o Apóstolo:  "Sei em quem pus a minha confiança" (2 Tm 1, 12).

5. Como os pagãos que pediam a Filipe dizendo-Lhe:  "Senhor, queríamos ver a Jesus" (Jo 12, 21) ou a pessoa que Paulo entreviu na sua visão, "vem ajudar-nos" (Act 16, 9), os homens de hoje, na sua procura incerta, desejam, muitas vezes sem o saber, conhecer Cristo, o único Salvador. Queridos jovens, convido-vos hoje a proclamar Jesus Cristo com coragem e fidelidade, sobretudo aos jovens da vossa geração. E não só proclamar Jesus Cristo, mas também e sobretudo fazê-lo ver. Quando olham para o vosso estilo de vida, os vossos compatriotas devem poder perguntar-se quem vos guia e quem é o motivo da vossa alegria. Então podereis responder:

"Vinde ver". A Igreja conta muito convosco para que Cristo seja mais conhecido e amado. Como os Apóstolos e as mulheres na manhã de Páscoa, a vossa missão, que é a missão de todos os baptizados, surge do encontro com o Senhor ressuscitado (cf. Jo 20, 11-21); o amor estimula-nos a transmitir esta boa nova que transforma a nossa vida e o destino do mundo.

6. Queridos jovens, o futuro do cristianismo no vosso país está ligado à aproximação e à colaboração entre as Igrejas e as comunidades eclesiais que aqui vivem. A convivência da qual fazeis uma feliz experiência na vida quotidiana, nos vossos bairros, nas vossas escolas ou instituições de formação, nos vossos grupos ou actividades de juventude, é-vos querida. Ela prepara-vos desde já para encarar juntos o vosso futuro de cristãos na Síria.

Aprofundai antes de mais o que vos une. Meditai juntos o Evangelho, invocai o Espírito Santo, ouvi o testemunho dos Apóstolos, rezai em alegria e em acção de graças. Amai as vossas comunidades eclesiais. Elas transmitem-vos a fé e o testemunho que os vossos antepassados muitas vezes pagaram com um preço muito elevado. Elas contam com a vossa coragem e com a vossa santidade, que são os fundamentos de qualquer reconciliação verdadeira. Oxalá a oração de Cristo "para que todos sejam um" ressoe nos vossos corações, como um convite e uma promessa! O vosso país também se caracteriza pela convivência entre todos os componentes da população. Aprecio esta convivência solidária e pacífica, e faço votos por que todos possam sentir-se parte activa da comunidade no seio da qual lhes será possível, em liberdade, dar o seu contributo para o bem comum.

Queridos jovens, deveis dar ao mundo o Deus que descobristes. A lógica cristã é verdadeiramente "original"! Ninguém pode conservar este dom se, por sua vez, não o oferece. Foi com esta lógica que, antes de vós, viveu o Mestre divino, que se rebaixou e humilhou até ao sacrifício supremo. Por isso ele foi exaltado e recebeu o Nome que está acima de qualquer nome (cf. Fl 2, 5-11). A fecundidade verdadeira de qualquer existência  passa  por  esta  experiência radical  do  mistério  da  Paixão  e  da Ressurreição.

7. Com os vossos Patriarcas e Bispos, com os sacerdotes e com toda a Igreja, repito-vos esta tarde:  sede no vosso ambiente de vida testemunhas fiéis do Verbo da vida! A vossa presença assídua e a vossa colaboração nas paróquias e nos movimentos eclesiais, a vossa atenção fraterna e solidária por quem sofre no corpo e no espírito, o vosso empenho responsável na construção de uma sociedade respeitadora dos direitos de todos e promotora do bem comum e da paz, são os empenhos que deveis viver como consequência da vossa pertença a Cristo e da vossa determinação em servir o homem. Queridos jovens cristãos:  testemunhai o "Evangelho da caridade"; queridos jovens da Síria:  construí a "civilização do amor". Confio-vos estes empenhos com grande esperança e confiança.

8. Repito-vos afectuosamente o convite que fiz aos jovens do mundo por ocasião do Grande Jubileu:  "Não tenhais medo de ser os santos do novo milénio! Com o Senhor Jesus, a santidade o projecto de Deus para todos os baptizados torna-se realizável... Jesus caminha convosco, renova o vosso coração e fortalece-vos com o vigor do seu Espírito" (Mensagem para a XV Jornada Mundial da Juventude, 3).

Abençoo-vos a todos de coração, bem como aos vossos familiares.

 



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