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DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II
 AO SENHOR GILTON BAZILIO CHIWAULA
 NOVO EMBAIXADOR DO MALAVI
 JUNTO DA SANTA SÉ POR OCASIÃO
 DA APRESENTAÇÃO DAS CARTAS CREDENCIAIS*

16 de Dezembro de 2004

 

Senhor Embaixador

É-me grato dar-lhe as boas-vindas ao Vaticano e aceitar as Cartas que o acreditam como Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário da República do Malavi junto da Santa Sé. Gostaria de expressar a minha gratidão pelas saudações que Vossa Excelência me transmite da parte do seu Presidente, Sua Ex.cia o Dr. Bingu wa Mutharika. A sua presença aqui traz-me ao pensamento a visita que realizei ao Malavi, no ano de 1989, quando fui acolhido com grande cordialidade. Pedir-lhe-ia que me transmitisse as minhas sinceras saudações a Sua Excelência, assegurando-lhe as minhas preces constantes pela paz e pelo bem-estar da sua Nação.

A população do seu continente tem muito a oferecer ao resto do mundo, naquilo que se refere ao respeito pela família. A este propósito, gostaria de encorajá-la a continuar a promover a estabilidade da vida familiar como ambiente apropriado onde educar os filhos, edificando assim os sólidos fundamentos para o futuro da sociedade. Em particular, encorajo o seu Governo a resistir a quaisquer tentativas de agências externas a impor programas de assistência económica vinculados à promoção da esterilização e da contracepção. Estas campanhas não só constituem "afrontas contra a dignidade da pessoa e da família" (Compêndio da Doutrina Social da Igreja, 234), mas também debilitam o crescimento natural e o progresso das nações em geral. Por mais sérios que sejam os problemas sociais e médicos que o seu país e continente estão a enfrentar, o bem do seu povo exige a busca de um autêntico desenvolvimento humano, que corresponda não apenas às suas necessidades materiais, mas inclusivamente às suas aspirações culturais, morais e espirituais. "Um desenvolvimento somente económico não está em condições de libertar o homem; pelo contrário, acaba até por o escravizar mais" (Carta Encíclica Sollicitudo rei socialis46).

A difusão rápida e alarmante da sida exige renovados esforços da parte da comunidade internacional e do Governo do Malavi, em ordem a encontrar modos aceitáveis de combater a enfermidade e de oferecer um cuidado apropriado aos doentes e às suas famílias. As autoridades públicas e as comunidades religiosas precisam de trabalhar em conjunto para promover a fidelidade no seio do matrimónio e a abstinência fora do casamento, como a salvaguarda mais eficaz contra a infecção. Dever-se-iam levar a cabo todos os esforços para educar as pessoas acerca da sida, em vista de impedir que recorram a práticas supersticiosas e tradicionais que possam levar a uma ulterior difusão do vírus. Estou-lhe profundamente grato por ter manifestado o seu apreço pela contribuição da Igreja à assistência sanitária no seu país, e garanto o apoio constante de todas as instituições católicas e do pessoal médico envolvido neste importante trabalho.

Vossa Excelência falou sobre o papel desempenhado pelos Bispos católicos na transição do seu país rumo à democracia e agradeço-lhe as amáveis palavras com que desejou descrever a Igreja como "consciência" da nação malaviana. A Igreja Católica aprecia a oportunidade de cooperar com o Governo, educando e informando os fiéis, "particularmente as pessoas que participam na vida política, de tal maneira que as suas acções possam servir sempre como a promoção integral da pessoa humana e do bem comum" (Congregação para a Doutrina da Fé, Nota doutrinal sobre algumas questões relativas à participação dos católicos na vida política, n. 6). Efectivamente, ela tem o dever de agir deste modo, enquanto reconhece, ao mesmo tempo, a autonomia e a independência da comunidade política no campo que lhe é próprio (cf. Compêndio da Doutrina Social da Igreja, 424).

A pobreza extrema que aflige uma boa parte da população do Malavi exige uma acção urgente da parte do resto do mundo. Estou persuadido de que o Governo se esforçará por fazer tudo o que está ao seu alcance para oferecer um apoio financeiro adequado a todos os programas humanitários e educativos. A este propósito, há que realizar todos os esforços em vista de debelar a corrupção e, assim, alcançar a máxima transparência e responsabilidade na promoção da ajuda internacional. Através das suas instituições no campo do ensino e das suas agências caritativas, a Igreja continua decidida a oferecer toda a assistência que pode, de tal maneira que os cidadãos do seu país consigam viver com a dignidade humana que lhes é própria.

Ao oferecer-lhe os meus melhores votos pelo bom êxito da sua missão, gostaria de assegurar-lhe que os vários Departamentos da Cúria Romana estão prontos a assisti-lo e ajudá-lo no cumprimento dos seus deveres. Sobre Vossa Excelência e todo o povo do Malavi, invoco cordialmente as abundantes bênçãos de Deus.


 

*L'Osservatore Romano 2005 n. 1 pp. 5, 6.



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