Index   Back Top Print

[ EN  - ES  - FR  - IT  - PT ]

MENSAGEM DO PAPA PAULO VI
PARA O 4º DIA MUNDIAL
DAS COMUNICAÇÕES SOCIAIS 1970

«As comunicações sociais e a juventude»

1970

 

Caros irmãos e filhos, Vós todos, homens de boa vontade,
e vós, sobretudo, jovens do mundo inteiro
!

O Dia Mundial das Comunicações Sociais coloca em evidência, estamos certos, uma vossa preocupação essencial, sugerindo para estudo neste ano o tema: As Comunicações Sociais e a Juventude.

Quem, de fato, não tem consciência das imensas responsabilidades que pesam sobre todos nós, diante da história e diante de Deus, sobre o melhor uso das possibilidades extraordinárias que estes meios de comunicação nos oferecem para ajudar os jovens a informar-se, formar-se, a descobrir os verdadeiros problemas do mundo, a buscar os autênticos valores da vida, a traduzir na realidade a sua vocação de homens e de cristãos?

Sim, esta é realmente uma pergunta que incomoda, dirigida a todos os homens de boa vontade, a todas as organizações particulares, nacionais e internacionais, à mesma Igreja: homens, que juventude queremos amanhã neste universo que estais preparando hoje? Jovens, que sociedade ides construir quando tomardes nas vossas mãos os destinos do mundo?

Irmãos e filhos, com a consciência atenta de nossas responsabilidades pastorais, desejamos dizer a todos: o amanhã será como nós o tivermos construído, com a graça de Deus.

Hoje e é preciso lembrar, ainda, enquanto o fenômeno cada dia assume proporções mais vastas — a imprensa, o rádio, o cinema, a televisão tendem sempre mais a absorver, a fazer seu, até à sua própria substituição, tudo o que os relacionamentos familiares, escolares, paroquiais, tudo o que os ensinamentos dos mestres e dos educadores, numa palavra, tudo o que os meios de cultura tradicionais permitiam às gerações passadas transmitir como herança aos seus descendentes. Hoje, surgem novas fontes do saber e novas fontes de cultura, com uma vigorosa capacidade própria de influenciar tanto a sensibilidade quanto a inteligência, deixando para trás de si um longo eco feito de imagens e de idéias geradas pelas luzes e pelos sons.

Meios maravilhosos, sem dúvida, que permitem aberturas, contatos, comunicações, participação. Mas, como parece claro a todos, com a condição de que permaneçam meios para se conseguir um fim, o único digno deste nome: o serviço do homem, de todo homem e do homem inteiro; (Populorum progressio, n. 14) é não o que, pelo contrário, muitas vezes vemos: a exploração, por parte de uma indústria que é fim para si mesma, dos jovens e das crianças, na qualidade de consumidores fáceis que podem ser conduzidos aos caminhos do erotismo e da violência, ou pelas estradas perigosas da incerteza, da ansiedade e da angústia. É preciso que todas as pessoas honestas estejam de acordo para lançar um grito de alarme que vise pôr fim àqueles empreendimentos que devem ser chamados com o seu nome, isto é, corruptores.

Quem não sente, então, a urgência de tornar proveitosos os meios de comunicação social e sua linguagem apaixonante transmitida pelos sons, pelas imagens, pelas cores, pelos movimentos, para fazer deles modernos instrumentos de relacionamento humano, capazes de responder às expectativas dos jovens? Esta abundância de alimento é uma riqueza inestimável, se o alimento é sadio, se o organismo está preparado para recebê-lo, para assimilá-lo e não ser intoxicado por ele! Sem sombras de dúvida, os meios de comunicação social oferecem a muitos jovens estupendas possibilidades de distensões fecundas, de informações vastas e — pelo menos para alguns — uma primeira formação à leitura e à escrita. Cumpre-nos recordar este aspecto no ano mundial da educação, proposto pelas Nações Unidas que está completando o seu 202 aniversário. E ainda permitem que os jovens tenham acesso a uma cultura qualificada, que provem o gosto dos valores autênticos da fraternidade, da paz, da justiça, do bem comum.

Trabalho imenso e na verdade excitante, para todos os que colocam em exercício aqueles meios colossais a serviço dos jovens. Mas de que serviria tudo isso se pais e educadores não ajudassem os jovens a escolher, a julgar, a integrar o que lhes é proposto, a fim de que se tornem eles mesmos, por sua vez, homens e cristãos completos? De que serviria, ainda, se os jovens mesmos permanecessem passivos, como que fascinados por aqueles poderosos atrativos, enredados no desejo e incapazes de dominá-los com propriedade?

Quem, finalmente, saberá levar aos jovens aquela mensagem autêntica de vida, leal e corajosa, que mais ou menos conscientemente eles esperam? Centenas de milhões de homens sentiram-se unidos no mesmo entusiasmo diante das imagens assombrosas dos primeiros passos do homem na lua. Quem saberá uni-los no mesmo fervor diante do Deus de amor que veio para caminhar com passo de homem em nossa terra, para "chamar-nos todos a participar, como filhos, da vida do Deus vivo, Pai de todos os homens" (Populorum progressio, n. 21).

A todos os pastores; a todos os que — e sabemos que são muitos sacerdotes, religiosos, religiosas e leigos — se dedicam com ardor à pro-cura da nova linguagem, através dos meios de comunicação social, que precisa ser encontrada, para anunciar aos jovens aquela Boa-Nova, que é e permanece sempre uma notícia sublime, dizemos o nosso mais vivo encorajamento. Quem poderia duvidar, de fato, que os jovens de hoje não estejam na expectativa daquele anúncio, que não tenham sede daquele testemunho e que não sabem, também eles, reconhecer com alegria profunda aquele que é, por si mesmo, a resposta às suas perguntas mais radicais e desconcertantes, "o qual se tornou para nós [...] sabedoria, justiça, santificação e libertação"? (1Cor 1,30).

"Jovens, procurai o Cristo para permanecerdes jovens": (Santo Agostinho, Ad fratres in eremo, sermão 44) é o vosso desejo, é a nossa oração.

Com o augúrio de que pais, educadores, produtores, autores e receptores dos meios de comunicação social saibam tirar proveito deste Dia Mundial que lhes é dedicado, para reflexões úteis e para resoluções fecundas, com a finalidade de promover o máximo bem da juventude, a todos envia-mos nossa afetuosa e confiante bênção apostólica.

Cidade do Vaticano, 6 de abril de 1970, Festa da Anunciação de Nosso Senhor.

 

PAPA PAULO VI

 

Copyright© Libreria Editrice Vaticana

 



Copyright © Dicastero per la Comunicazione - Libreria Editrice Vaticana