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MENSAGEM DO PAPA JOÃO PAULO II
PARA A CAMPANHA DA FRATERNIDADE 1995 NO BRASIL

 

Meus amados irmãos e irmãs em Jesus Cristo!
Queridos Brasileiros!

1. Promovida pelos Senhores Bispos, vai começar mais uma Campanha da Fraternidade neste dileto País sobre o tema “Eras tu, Senhor”, lembrando o dever do cristão de acolher o irmão “excluído” que se identifica com a pessoa de Jesus Cristo.

Quem não se recorda daquelas palavras de Jesus: “Tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era peregrino, e recolhestes-me”(Mt 25, 35). A descrição do Juízo Final, que o Senhor compara a um banquete ao qual o rei convida a todos os povos a nele participar, reacende com vigor na consciência humana a sentença divina proferida pelo Senhor: “Todas as vezes que vós fizestes isto a um destes irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes” (Mt 25, 40). Há um dever de acolher a todos que deve manifestar-se para com os mais infelizes da sociedade, que o próprio Cristo no-lo recorda ao pedir para ser amado e servido nos irmãos que padecem todo o tipo de sofrimento: famintos, sedentos, peregrinos, nus, doentes, encarcerados... Aquilo que for feito a cada um deles é feito ao próprio Cristo (cf. Mt 25, 31-46). É o anúncio da fraternidade, que deve realizar-se no âmbito da sociedade como um todo, mas sobretudo deve ser assumido por cada cristão, por cada homem de boa vontade, como um imperativo da justiça evangélica. A Quaresma, tempo de conversão e penitência, se destina a preparar-nos para a Páscoa: a passagem do Senhor. É chamado a maior empenho a vivermos como filhos de Deus e todos irmãos em Cristo: é apelo à salvação e à fraterna solidariedade, para que todos tenham a Vida, se tornem livres em adesão à Verdade e trilhem o Caminho da purificação do pecado e da libertação do mal que ele traz consigo, em plano pessoal, social e estrutural.

2. O Papa não se esquece de todos aqueles, homens e mulheres, crianças e anciãos, do campo ou da cidade – parecem como se não existissem –, e lembra como o Senhor, em certa ocasião, chamando os seus discípulos, disse: “Tenho compaixão deste povo... não têm o que comer; não quero despedi-los em jejum, para que não desfaleçam pelo caminho” (Mt 15, 32).

Por isso, venho recordar a todos que não é possível verdadeiro progresso na sociedade, se faltar um profundo sentido de solidariedade entre todos. O povo brasileiro sempre tem sido generoso e capaz de suprir, por vezes com verdadeiras mobilizações populares, para ajudar os que sofrem.

A ordem social e o seu progresso devem reverter-se sempre em bem das pessoas, já que a ordem das coisas deve estar subordinada à ordem das pessoas e não ao contrário; foi o próprio Senhor que o insinuou ao dizer que o sábado fora feito para o homem, não o homem para o sábado (Cf. Mc 2, 27). Essa ordem, fundada na verdade, construída sobre a justiça e vivificada pelo amor, deve ser cada vez mais desenvolvida no respeito pela dignidade humana. Para o conseguir, será necessária a renovação da mentalidade e a introdução de amplas reformas sociais (Cf. Gaudium et spes, 26).

3. É este o caminho da fraternidade, em direção à Páscoa litúrgica e à Páscoa eterna, onde Cristo nos espera, para dizer: “a mim o fizestes!”. “Vinde benditos de meu Pai, entrai na posse do reino que vos está preparado desde a criação do mundo” (Mt 25, 34).

Para que vos prepareis esta acolhida de Cristo, dou-vos a bênção, em Nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.

Amém!

IOANNES PAULUS PP. II



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