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VIAGEM APOSTÓLICA DO PAPA JOÃO PAULO II
À REPÚBLICA DOMINICANA, MÉXICO E BAHAMAS
[25 DE JANEIRO - 1º DE FEVEREIRO DE 1979]

DISCURSO DO SANTO PADRE
AOS ESTUDANTES DAS UNIVERSIDADES
CATÓLICAS DO MÉXICO

Quarta-feira, 31 de Janeiro de 1979

 

Queridos irmãos e irmãs do mundo universitário católico

1. Com imensa alegria e esperança venho a este encontro convosco — estudantes, professores e assistentes das Universidades Católicas do México — nos quais vejo também o mundo universitário da América Latina.

Recebei a minha saudação. E a saudação de quem se encontra com muito prazer entre a juventude, na qual deposita muitas esperanças, sobretudo quando se trata de sectores tão qualificados como os que vão passando pelas aulas universitárias, preparando-se para um futuro que será determinante na sociedade.

Permiti-me que em primeiro lugar envie uma saudação aos membros da Universidade Católica La Salle, em cujo recinto devia celebrar-se este encontro. Não é porém menos cordial a minha saudação às outras Universidades Católicas mexicanas: Universidade Ibero-Americana, Universidade Anáhuac, Universidade de Monterrey, Instituto Superior de Ciências da Educação na Cidade do México, Faculdade de Contabilidade Pública de Vera Cruz, Instituto Tecnológico e de Estudos Superiores do Ocidente em Guadalajara, Universidade Motolinia, Universidade Feminina de Puebla, Faculdade canónica de Filosofia com sede nesta cidade, e Faculdade — ainda em princípios — de Teologia, igualmente nesta metrópole.

Trata-se de universidades jovens. Tendes porém uma antepassada venerável na Real e Pontifícia Universidade do México, fundada a 21 de Setembro de 1551, com a finalidade explícita de que nela "os naturais e os filhos dos espanhóis fossem instruídos nas coisas da santa fé católica e nas demais faculdades".

Há também entre vós e certamente são numerosíssimos em todo o território mexicano — professores e estudantes católicos que ensinam ou estudam nas Universidades doutra denominação. A eles igualmente dirijo a minha afectuosa saudação, e manifesto o meu profundo aprazimento ao saber que todos estais comprometidos da mesma forma no estabelecimento do Reino de Cristo.

Estendamos agora a vista pelo vasto horizonte latino-americano. Assim, a minha saudação e o meu pensamento atingirão com prazer tantos outros Centros Católicos Universitários, que em cada nação constituem motivo de legítimo orgulho, onde convergem tantos olhares idealistas, donde irradiam a cultura e civismo cristão, onde se formam as pessoas num clima de concepção integral do ser humano, com rigor cientifico e com uma visão cristã do homem, da vida, da sociedade, dos valores morais e religiosos.

2. E agora, que mais vos posso dizer nestes momentos que necessariamente terão de ser breves? Que pode esperar o mundo universitário católico mexicano e latino-americano das palavras do Papa?

Julgo poder resumi-lo, bastante sinteticamente, em três observações, seguindo a linha do meu venerado predecessor o Papa Paulo VI.

a) A primeira é que a Universidade Católica deve oferecer contributo específico à Igreja e à sociedade, situando-se num nível de investigação científica elevado, de estudo profundo dos problemas e dum sentido histórico adequado. Mas isto não basta para uma Universidade Católica. Esta deve encontrar o seu significado último e profundo em Cristo, na sua mensagem salvífica, que abarca o homem na sua totalidade, e nos ensinamentos da Igreja.

Tudo isto supõe a promoção duma cultura integral, isto é, da que tem em vista o desenvolvimento completo da pessoa humana, em que sobressaiam os valores da inteligência, vontade, consciência e fraternidade, baseados todos em Deus Criador e elevados maravilhosamente em Cristo (Cfr. Gaudium at Spes, 61); uma cultura, que se dirija de modo desinteressado e genuíno ao bem da comunidade e de toda a sociedade.

b) A segunda observação é que a Universidade Católica deve ser formadora de homens realmente insignes pelo saber, dispostos a exercer funções de responsabilidade na sociedade e a testemunhar a sua fé diante do mundo (Gravissimum educationis, 10). Finalidade que é hoje indubitavelmente decisiva. Para a formação moral e cristã, não considerada como alguma coisa que se acrescente de fora, mas como um aspecto que, por assim dizer, especifique e dê vida à instituição académica. Trata-se de promover e realizar nos Professores e nos estudantes uma síntese, cada vez mais harmoniosa, entre fé e razão, entre fé e cultura, entre fé e vida. Tal síntese deve procurar-se não só ao nível de investigação e ensino, mas também a nível educativo-pedagógico.

c) A terceira observação é que a Universidade Católica deve ser um campo em que se mostre vivo e operante o cristianismo. Constitui vocação irrenunciável da Universidade Católica dar testemunho de ser comunidade séria e sinceramente comprometida na investigação científica, mas também caracterizada visivelmente por uma vida cristã autêntica. Isto supõe, entre outras coisas, uma revisão da figura do professor, que não pode ser considerado unicamente como simples transmissor de ciência, mas também e sobretudo como testemunha e educador de vida cristã autêntica. Neste privilegiado ambiente de formação, vós, queridos estudantes, estais chamados a uma colaboração consciente e responsável, livre e generosa, para realizardes a vossa mesma formação.

3. A implantação duma pastoral universitária — quer seja como pastoral das inteligências quer como fonte de vida litúrgica —, a qual deve atender a todo o sector universitário da Nação, não deixará de produzir frutos preciosos de elevação humana e cristã.

Queridos filhos que vos dedicais completa ou parcialmente ao sector universitário católico dos vossos respectivos Países, e todos vós que em qualquer ambiente universitário estais comprometidos na implantação do Reino de Deus:

— criai verdadeira família universitária, empenhada na busca, nem sempre fácil, da verdade do bem, aspirações supremas do ser racional e bases de sólida e responsável estrutura moral;

— continuai uma séria actividade investigadora, que oriente as novas gerações para a verdade, para a maturidade humana e religiosa;

— trabalhai infatigavelmente pelo progresso autêntico e completo das vossas Pátrias. Sem preconceitos de nenhum tipo, dai a mão a quem se propõe, como vós, a construção do autêntico bem comum;

— uni as vossas forças de Bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas, e de leigos, na promoção e realização dos vossos centros académicos e suas actividades;

— caminhai alegres e infatigáveis sob a guia da Santa Madre Igreja, cujo Magistério, prolongamento do de Cristo, é garantia única para não se abandonar o caminho justo, e é guia segura para se vir a conseguir a herança imperecedoira, reservada por Cristo a quem lhe é fiel.

Recomendo-vos a todos à Eterna Sabedoria: Brilhante é a sabedoria, e sua beleza é inalterável; os que a amam, descobrem-na facilmente; os que a buscam, encontram-na (Sab. 6, 12).

A Sede da Sabedoria — que o México e toda a América Latina veneram no Santuário de Guadalupe — vos proteja a todos debaixo do seu manto materno! Assim seja. E muito obrigado pela vossa presença.

 



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